André Azevedo foi protagonista de um momento épico, aos 90’+5’, que valeu a permanência do Vila Real no Campeonato de Portugal
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O empate sem golos que se verificava em cima do apito final, entre Vila Real e Tirsense, atirava os transmontanos para os distritais e, ao mesmo tempo, impedia os jesuítas de chegarem à fase de subida. No tudo ou nada, Iván Cruz, guarda-redes visitante, subiu à área contrária, aos 90’+5’ ,para tentar ajudar a equipa num pontapé de canto que acabou por dar golo... do Vila Real, marcado pelo filho da terra, André Azevedo.
Num Campo do Calvário completamente cheio, com as bancadas a fazerem lembrar um futebol de outros tempos, o Vila Real foi o único emblema de Trás-os-Montes a conseguir manter-se no Campeonato de Portugal, e de forma absolutamente épica. “Foi surreal o que aconteceu. É difícil gerir isto tudo. Tive um apagão no momento do golo e, se não fosse o vídeo, nem tinha noção de como foi. Estávamos a jogar com o coração e não com a cabeça, mas merecemos, pela segunda volta que fizemos”, refere o avançado, de 33 anos, um dos nomes mais conhecidos do plantel, com cerca de 200 jogos no CdP, e que, quando passou pelo Lusitanos e Santa Coloma, de Andorra, chegou a participar na fase de qualificação da Champions e da Liga Europa.
Quando o canto do Tirsense morreu nas mãos do guarda-redes Carlos Madureira, André Azevedo pegou na bola ainda antes do meio-campo e só teve olhos para a baliza, em boa hora, até na opinião do... árbitro. “Quando o Iván Cruz foi para a área contrária, tive o feeling de que a bola ia sobrar para alguém dos nossos, que a pontapearia para a frente. Fiquei a meio do meio-campo e, quando a bola veio ter comigo, vi que tinha dois colegas desmarcados, mas até estavam fora-de-jogo, porque o Tirsense só tinha um defesa atrás da linha da bola, e nem eu tive noção disso. O árbitro, no fim, chamou-me e disse-me que, se eu passasse a bola, teria de marcar fora-de-jogo”, conta. “Ir para a baliza foi a melhor opção que tomei”, resume.
A atmosfera de um campo completamente cheio deu ainda mais cor ao momento. “Poderia ser sempre assim, mas não é. Ontem [anteontem] foi um caso esporádico. Não me lembro de ver o estádio assim”, confidencia. Ora, com tamanha capacidade de mobilização, André Azevedo acredita que o clube tem potencial para mais, porém, é preciso união. “Sem dinheiro não se faz milagres. O clube está a passar por algumas dificuldades, as pessoas tentam fazer o melhor que podem e a cidade não está muito ligada ao Vila Real. Seremos sempre o que a cidade quiser e falta quererem que estejamos melhor. Não pode ser uns a puxar para um lado e outros para o outro”, critica.
Futuro no clube está em aberto
André Azevedo já teve vários projetos de subida no CdP, em clubes como Salgueiros, U. Leiria e Praiense, mas voltou ao Vila Real em 2020/21. “Sou daqui da terra, nunca posso dizer a 100 por cento se vou ficar, mas sinto-me estável e o futuro poderá passar por aqui”, refere o extremo, que partilha a dedicação ao clube com um projeto pessoal. “Há três anos abri um centro de treino. Gostava de tirar alguma formação para me manter ligado ao futebol, mas não me vejo como treinador”, garante.