Foi orientado por Jorge Costa e defrontou Corona: "Nunca se sabia o que ia sair da cartola..."
Edson Farias é reforço sonante do Fafe, líder da Série A da Liga 3. Não fala em subida, mas está feliz no projeto que tem Derlei como investidor
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Edson Farias chegou a Portugal na temporada 2014/15 para representar o Paços de Ferreira. Andou pela I Liga e, ultimamente, pelo segundo escalão, mas o projeto apresentado por Derlei, um dos investidores do Fafe, fê-lo baixar à Liga 3. Natural do Ceará, o percurso de Farias no futebol português teve ainda passagem longa (cinco anos) pelo Feirense e outras mais curtas por Penafiel e Vilafranquense (uma época). No estrangeiro, o brasileiro vestiu as camisolas dos sul-coreanoss do Bucheon e dos húngaros do Videoton, onde foi treinado pelo português José Gomes. Experiência é o que não lhe falta!
Extremo tem mais de 100 jogos nas provas profissionais e chegou do Aves SAD, onde foi muito utilizado na campanha de subida à I Liga. Tem 32 anos e sente-se “na flor de idade, com muito para dar”.
Vem de um ano em que foi muito utilizado no Aves SAD, que subiu à I Liga. O que o fez aceitar baixar à Liga 3?
-A abordagem que o Derlei me fez foi muito boa. Senti-me honrado por fazer parte do projeto. Não adiantava nada eu vir para o Fafe e não acreditar nisto. Acreditei, acredito e fiz, com toda a certeza, a escolha certa.
Vê-se como um dos reforços mais sonantes do Fafe para a nova temporada?
-O nome vale o que vale. Talvez o Edson Farias seja um dos nomes mais fortes do plantel, trabalhei para ter o nome que tenho em Portugal mas sou apenas mais um para ajudar o Fafe.
Olhando para o plantel e para nomes como Edson Farias, João Vigário, João Amorim, Vasco Braga, entre outros, há aqui uma aposta clara na subida?
-Não adianta estarmos a falar disso à segunda jornada porque sabemos como é o futebol. Queremos, acima de tudo, que o Fafe consiga trazer a cidade de volta ao estádio, que as pessoas abracem este projeto e que a força justiceira volte a ser falada. Temos uma equipa nova, com experiência, com outros jogadores mais jovens, uma equipa técnica também nova, e os pés têm de estar bem assentes na terra. Somos pessoas que vamos honrar o Fafe.
A SAD tem o Derlei no grupo de investidores. Recebem muitos ensinamentos de alguém que, como jogador foi, por exemplo, campeão europeu?
-É uma pessoa que passa bastante experiência, que fala com os jogadores. Seríamos uns “cabeças duras” se não nos inspirássemos em alguém como o Derlei, que viveu tanta coisa bonita.
Dois jogos, duas vitórias, a última das quais no Varzim (2-0), três golos marcados e nenhum sofrido. É um bom cartão de visita para a equipa?
-É um bom cartão de visita. Começar com vitórias dá maior tranquilidade e segurança. No entanto, estamos longe do que queremos. Estamos a construir os alicerces com as ideias que o treinador trouxe. Ganhar no Varzim, que é um candidato à subida, pela história e pelos adeptos que tem, contribui para aumentar a nossa confiança.
Que ilações tira da Liga 3 enquanto competição?
-É muito competitiva. Se olhasse de outra forma, estaria a desrespeitar os jogadores e treinadores que trabalham diariamente para que esta Liga cresça cada vez mais. É um campeonato que vai dar muito nas vistas.
Tem 32 anos, espera ainda voltar à II Liga?
-Esperamos sempre. Tinha propostas para me manter noutros patamares, mas o projeto agradou-me bastante. Que no futuro possa voltar com o Fafe à II Liga. Não estou a dizer que vamos subir, mas gostava de jogar pelo Fafe na II Liga.
O que almeja alcançar até ao fim da carreira?
-O mundo do futebol vive de vitórias e de títulos. Tenho 32 anos, não estou velho, estou sim na flor da idade e ainda tenho muito para dar ao futebol.
Conhecemo-lo, quando chegou a Portugal, como extremo, depois virou lateral-direito no Feirense. Onde prefere jogar?
-Sou um jogador polivalente. No Feirense tínhamos o Diga e o Tiago Mesquita lesionados, e o Nuno Manta perguntou-me se podia ajudar. Fiz uma grande época como lateral. Mas sou extremo e sempre fui.
Quando terminar a carreira, pensa ficar em Portugal?
-A minha esposa é portuguesa, de Sobrado (Valongo), tenho um filho que tem sangue brasileiro e português, pelo que penso ficar cá a morar. Gostei muito de morar em Santa Maria da Feira, mas penso ficar mais pela zona de Sobrado.
Jorge Costa marca pela liderança, Corona tirava coelhos da cartola
Jorge Costa guiou o Aves SAD à I Liga, na época passada, e marcou Edson Farias enquanto treinador. “A liderança dele é diferente da de todos. Apanhei o Paulo Sousa no Videoton, o Paulo Fonseca, no Paços. O Paulo Fonseca fazia o jogo parecer fácil, tudo o que ele dizia durante a semana acabava por acontecer, mas o Jorge Costa, pela forma como não deixava a equipa cair, era excecional”, conta.
No campo dos adversários, “Jonas, Grimaldo e Nani” foram dos mais difíceis de marcar ao longo da carreira feita de 113 jogos na I Liga, mas Corona, no “um para um” era diferenciado: “Nunca se sabia o que ia sair da cartola.” Recuando no tempo, o brasileiro considera que podia ter ido mais longe na carreira. “Pude sair, mas não me deixaram. Hoje, é mais fácil sair de um clube. Podia ter ido mais além se me tivessem deixado”, refere.