Florgrade no Campeonato de Portugal: da cortiça aos relvados foi sempre a subir
André Ribeiro conduziu o clube a um título renhido na AF Aveiro, por apenas um ponto, e que permitiu abrir as portas do Campeonato de Portugal.
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André Ribeiro estava na Liga 3, ao serviço do Pevidém, mas com a descida dos minhotos ao Campeonato de Portugal, o treinador, natural de Santa Maria da Feira, aceitou baixar dois escalões para treinar o Florgrade, um clube que conhece desde as raízes e que conduziu ao título de campeão da AF Aveiro.
"Conheço o Florgrade desde a criação deste projeto familiar, que visa promover a cortiça. Fiz parte deste projeto quando era futebol de 7 [2014]. O balanço que faço é extremamente positivo, desde as infraestruturas que foram criadas aos departamentos, que vieram acrescentar profissionalismo ao clube. Aqui incluo as pessoas de Cortegaça, que sempre deram o melhor para nos sentirmos em casa", começou por dizer o treinador, que assegurou a terceira subida do clube, em apenas quatro anos de existência.
"Este é, provavelmente, o campeonato mais exigente de uma associação de futebol em Portugal. Tivemos várias equipas que foram supercompetentes durante o ano e sermos campeões com um ponto de diferença diz bem do nível de competitividade deste campeonato", destacou, vendo no U. Lamas o principal adversário nesta disputa, embora houvesse outros rivais a considerar. "Este desafio era muito difícil, porque estávamos a competir contra equipas como Lamas, Espinho, Ovarense, Lobão, Águeda e Estarreja, que têm mais história do que nós, e tínhamos de ser superfortes e competentes."
"No início, podia pensar-se que era um passo atrás, mas, hoje, confirma-se que demos dois passos à frente neste projeto", avaliou o técnico, de 36 anos, que viu a política de contratações do Florgrade como explicação importante para o sucesso. "A Direção foi excecional. Conseguimos trazer jogadores de qualidade; praticamente metade do plantel já tinha trabalhado comigo no Lourosa, no Valadares e no Águeda e depois conseguimos juntar a experiência do Marco Soares e do Tiago Jogo, que vieram acrescentar muito à equipa", analisou André Ribeiro, que em breve deverá renovar contrato e que, apesar da história de sucesso, tratou de pôr um travão à euforia. "O Campeonato de Portugal vai exigir outras coisas de nós para podermos ser candidatos a vencer todos os jogos", avisou.
"90% do plantel é para manter"
Ligada ao fabrico de rolhas de cortiça, a Florgrade é a empresa que deu nome ao clube, fundado por Zé Carlos, jogador de 40 anos, que ainda faz parte da equipa, embora as funções estejam mais relacionadas com a chefia. "Não sou o presidente, mas é como se fosse. Sou o responsável máximo deste clube. Preparámo-nos para estar onde estamos e devagarinho queremos escalar mais patamares", perspetivou o defesa, acrescentado que no Campeonato de Portugal o objetivo passa por "manter o treinador, André Ribeiro", com quem já tinha trabalhado no Lourosa e "cerca de 90 por cento do plantel."
Sobre os primórdios do Florgrade, que remontam a 2014, Zé Carlos destaca o sucesso do projeto. "O clube foi criado para participar em ligas amadoras de futebol de sete, onde nos destacámos a nível nacional e internacional. Fomos cinco vezes campeões nacionais, três vezes campeões ibéricos e vice-campeões da Europa. Em 2019 federámos o clube. Começámos na II Distrital, subimos da I Distrital para o campeonato SABSEG, no ano passado não subimos e subimos agora. Em quatro anos, subimos três vezes", sublinhou.
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