"Flecha" e "Barça desprezado": o impacto da frase de Jesus e o maior "abafo" europeu
Ante o Standard, o Benfica teve 66 por cento de posse de bola, naquele que é o melhor registo das águias na UEFA desde 2009.
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O Benfica somou, na receção ao Standard de Liège quinta-feira na Luz, a segunda vitória em dois jogos da fase de grupos da Liga Europa e, a isso, juntou um feito único dos encarnados nas provas europeias pelo menos desde a primeira chegada de Jorge Jesus ao clube em 2009/10: a posse de bola contra os belgas, de 66 por cento, já é o maior domínio das águias nas competições europeias.
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O domínio quase absoluto do Benfica sobre o Standard mereceu, aliás, no final da partida um reconhecimento do ex-jogador dos encarnados, Carcela, à qualidade da forma de jogar da equipa, com o extremo a comparar o estilo dos portugueses ao do Barcelona. Ora, como se sabe, Jorge Jesus pegou na deixa para elogiar os catalães, mas não os atuais. "Não direi que seja o Barcelona de agora, nem quero que seja parecido ao de agora. Não me importo nada que seja comparado ao Barcelona de há uns anos", disparou o técnico, numa declaração que ontem mereceu em Espanha ecos nalguns jornais que viram na afirmação um... desrespeito. O "Mundo Deportivo", por exemplo, titula que "Jesus despreza Barça de Koeman", o "Sport" afirma que o técnico encarnado "atiçou" os catalães e o "AS" fala de uma "flecha lançada" aos blaugrana.
Mas, polémica externa à parte, a verdade é que o Benfica fez mesmo história e deixou uma prova de força perante um Standard que raramente teve bola para poder criar perigo. Estes 66 por cento de posse, segundo as estatísticas oficiais da UEFA, batem os 65 que o Benfica conseguira nesta mesma Liga Europa, no jogo da Luz para os oitavos de final frente ao Dínamo de Zagreb, em 2018/19 com Bruno Lage ao comando. Já na Champions de 2017/18, perante o CSKA de Moscovo ainda com Rui Vitória e em 2011/12 e contra o Otelul com Jorge Jesus no banco, também as águias haviam dominado fortemente, tendo a bola nos pés também 65 por cento do tempo.
O "outro" Barcelona meteu águias na caixa
A chamada por parte de Jorge Jesus, ainda que de forma involuntária, do Barcelona ao pós-jogo com o Standard não deixa de ser curiosa e fundamentada, se olharmos para o passado. É que Jorge Jesus, já como treinador dos encarnados, foi duas vezes "vítima" de um tratamento similar ao que o Benfica deu ao Standard na quinta-feira, no que a posse de bola diz respeito.
Foi precisamente frente aos catalães, a 2 de outubro de 2012 para a liga milionária, que o Benfica menos bola teve em provas europeias, pelo menos desde 2009/10. Apesar de jogar na Luz e até ter rematado mais que o rival, o Benfica só teve 25 por cento de posse de bola nessa noite. "Defrontámos a melhor equipa do mundo. O Barcelona não perde a posse da bola e, depois, teve um extraterrestre [Messi]", reconheceu Jesus no fim. Já no jogo da segunda volta, os encarnados vingar-se-iam com um 0-0, ainda assim insuficiente para avançar na prova.
As palavras de Jorge Jesus após o jogo, onde desvalorizou o Barcelona atual, liderado por Ronald Koeman, foram alvo de vários ecos na imprensa espanhola, em particular a mais próxima dos catalães.
Quanto a esta Liga Europa, o Benfica soma seis pontos e discute quinta-feira com o Rangers quem vira a primeira volta no topo do grupo D.