O JOGO desafiou os seis candidatos à presidência do Sporting a desfiar memórias que os definem como cidadãos e sportinguistas. Todos aceitaram falar na primeira pessoa. Conheça o lado mais intimista de Fernando Tavares Pereira, candidato da lista G.
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Filiei-me no PPD em 1975, tinha 19 anos. Mas ia ajudar os comunistas a colocar a propaganda porque eles não tinham carro. E eles ajudavam-me a mim, porque eu estava sozinho.
Eu e o senhor Moita, que faleceu o ano passado, fizemos um partido informal. O PPV: Pão, Presunto e Vinho. Depois juntaram-se dezenas de várias cores políticas. O nosso mote era pão muito duro, o vime que envolvia o garrafão e um bocado de courato velho. Era um sucesso quando íamos às aldeias.
Na primeira campanha eleitoral em 1975, havia comícios do Mário Soares (PS) e do Mota Pinto (PPD) em Oliveira de Hospital. Um no Largo dos Bombeiros e outro junto ao Hospital, muito próximos e em simultâneo.
Nós com quase 300 carros passámos pelo PPD e depois pelo PS e foram todos atrás de nós e acabaram os comícios. Foram todos comer, beber e ouvir música. Era a rebeldia.
Estive para ser preso em 1972. Queria ir trabalhar para Angola. Fui a Coimbra à Direção Geral de Emprego. "Tem passaporte e carta de chamada?" "Passaporte? Mas aquilo não é português?". Uns dias depois, deram o recado ao meu pai: "Diz lá ao teu rapaz para ter cuidado ou vai preso."
Somos oito irmãos (eu sou o terceiro). Cinco raparigas e três rapazes. E os meus pais ainda são vivos. Com dez anos comecei a fazer seguros, fui serralheiro, fiz uma parte do curso comercial por correspondência.
Mentir não é comigo. Quero uma campanha transparente, com liberdade e coerência. A parte mais importante é a Academia, que não funciona há dez anos. Há dez anos, era rainha do mundo, agora os outros evoluíram todos e o Sporting não funciona.
Nas empresas, os funcionários ajudam-me a mim e eu ajudo os meus. 80% ou mais têm casa própria. Incuto responsabilidade, a eles e a mim.
Já tinha sido desafiado por sportinguistas de Lisboa a concorrer contra Bettencourt, Godinho e Bruno, mas os negócios não permitiam. Agora, com a ajuda dos meus filhos, tenho mais disponibilidade. Mas ainda faço 20 mil km de carro por mês.
O Sporting precisa de estabilidade. E de recuperar. Eu já passei por algumas instituições quase insolventes de onde saí com saldo positivo. A Cooperativa de Frutas de Mangualde, a Caixa Agrícola da Beira Centro, a Agritábua...