Vasco Botelho da Costa mostra-se orgulhoso por treinar um histórico, que considera fazer falta às ligas profissionais. Kieszek é o primeiro reforço de inverno dos leirienses, que devem ainda ter mais caras novas em janeiro. De acordo com o treinador, "o clube está atento às oportunidades no mercado".
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Vasco Botelho da Costa chegou este verão ao comando técnico do Leiria, depois de dois anos de sucesso nos sub-23 do Estoril, no qual foi bicampeão da Liga Revelação. Em entrevista a O JOGO, o treinador, de 33 anos, considera que "este foi um passo natural na carreira" e mostra-se "orgulhoso por treinar um clube histórico", que tem como objetivo regressar às ligas profissionais.
O Leiria é líder da Série B. Essa classificação mostra que a época está a correr dentro das expectativas?
-O nosso primeiro objetivo é ficar entre os quatro primeiros, até ao momento estamos a conseguir e é preciso preparar a equipa o mais possível para a fase onde queremos estar. O Leiria é sempre visto como um forte candidato à subida. O projeto sofreu algumas alterações de fundo que interferiram diretamente com o dia-a-dia dos atletas. Foram criados diferentes departamentos com o objetivo de profissionalizar ao mais alto nível o dia dos jogadores.
O objetivo que foi proposto foi a subida?
-Sem sombra de dúvida, nem eu aceitaria um projeto que não tivesse essa ambição. Estamos a falar de um histórico, que muitos nos habituámos a ver no principal escalão e nas competições europeias. É um dos clubes mais emblemáticos da zona Centro. Claro que o pedido foi esse e é algo que me entusiasma. Não me sinto pressionado, porque o Leiria tem de regressar rapidamente aos campeonatos profissionais. Logo, a subida é objetivo natural.
Nesta fase, faz diferença ficar em primeiro ou em quarto?
-Em termos práticos, não há diferenças, porque começam todos com zero pontos na segunda fase. Parece-me irrelevante com quem vamos jogar. Agora um clube como o Leiria tem de almejar aos lugares mais cimeiros, mas o principal objetivo é terminar nos quatro primeiros e preparar a equipa para o que podemos encontrar no futuro.
Que tipo de clube encontrou no Leiria?
-Acima de tudo encontrei uma administração ambiciosa e com vontade de ter sucesso, mas que não é desmedido. Muitas vezes não chega dizer que queremos, temos de criar condições. É preciso entender que um projeto desta magnitude leva o seu tempo, óbvio que não pensamos em outra coisa que não seja a subida. E, desde o início, houve uma simbiose perfeita do que era pretendido pela Direção e pela equipa técnica.
O plantel mostrou-se recetivo às suas ideias?
-Sim, lidamos com atletas cada vez mais bem preparados e estes são os primeiros a compreender até onde vai a competência do treinador e a capacidade de liderança. O grande segredo para o sucesso de uma equipa é que as ideias passadas são respeitadas e seguidas por parte do grupo de trabalho. Encontramos um grupo extremamente disponível e que acaba por ser jovem. A seguir às equipas B, o Leiria é a formação da Liga 3 com uma média de idades mais baixas.
Qual a importância de ter no grupo jogadores com a experiência de Diogo Amado e Babanco?
-Já andaram por diferentes campeonatos e conviveram com diversos tipos e de treinadores e lideranças. Experimentaram contextos em que tinham de ganhar todas as semanas ou que lutavam pela permanência. Quanto maior for a experiência, mais disponibilidade das mesmas pessoas para dar o contributo ao nível do apoio aos colegas.
O Leiria já contratou Kieszek para a baliza. Estão previstos mais reforços em janeiro?
-Vamos fazer alguns ajustes e é normal que possa sair um ou outro atleta que não esteja a cumprir as suas expectativas e é natural que possam existir oportunidades de mercado para tornar o nosso plantel mais competitivo. São ajustes que fazem parte dos clubes.
Depois de dois anos nos sub-23 do Estoril, esta foi uma mudança muito grande na sua carreira?
-Considero que foi um passo natural numa carreira que é curta nos patamares nacionais, mas já há muitos anos que sou treinador. O que mais notei foi uma obrigação de lutar pelo resultado. Embora no Estoril também existisse a vontade de ganhar em cada jogo, o objetivo era mais formar atletas. No Leiria, há ainda o desejo de subir de divisão e estou feliz por estar num clube com este objetivo ambicioso.
"Fiquei satisfeito por ter visto o meu nome associado ao Braga"
Antes de assinar pelo Leiria, Vasco Botelho da Costa chegou a ser dado como certo no comando técnico do Braga B, um cenário que acabou por não se concretizar. O treinador diz que não foi "contactado diretamente" para ocupar esse cargo, mas, dado o trabalho de sucesso desenvolvido nos sub-23 do Estoril, considerou "natural este interesse".
"É óbvio que fico satisfeito por ver o meu nome associado a um clube da dimensão do Braga e é algo que deixa a nossa equipa técnica orgulhosa. Agora, depois de ter trabalhado tanto tempo para a área do scouting, tenho uma máxima: até haver um vínculo nada é certo. E a única possibilidade real de trabalho que surgiu foi o Leiria. Estamos muito contentes por termos essa aceite este projeto e por fazer parte deste clube", explicou o técnico leiriense.