Kjetil Rekdal, técnico do Rosenborg, diz a O JOGO que o avançado "sabe encontrar espaços" entre os adversários. Realçando que o seu antigo pupilo pode funcionar quer como referência do ataque quer no apoio ao ponta-de-lança, o treinador destaca uma especialidade: "É muito bom finalizador."
Corpo do artigo
Em pouco mais de sete meses, Casper Tengstedt, reforço das águias, deu o salto da segunda divisão dinamarquesa para o Benfica. Tudo graças a 15 golos em 14 jogos pelo Rosenborg, histórico clube do primeiro escalão norueguês. Kjetil Rekdal, técnico que trabalhou Tengstedt desde agosto no Rosenborg acredita, apesar do "grande salto", que o avançado "vai ser uma grande aposta" para o Benfica. E coloca as suas fichas no ex-pupilo.
"É um grande jogador, com muita inteligência. É um grande avançado, pode marcar golos e o Benfica é uma boa oportunidade", atira a O JOGO. E apesar de reconhecer que este "ainda é jovem", razão pela qual admite que é preciso "paciência e tempo", atira: "Pode precisar de tempo, não digo que vai explodir numa semana, mas vai ter sucesso no Benfica. Ficarei muito surpreendido se tal não acontecer."
"É muito inteligente, sabe o que é preciso fazer. Tem um bom passe, uma boa visão, sabe onde estão os colegas e é muito bom finalizador. Não precisa de muito espaço nem muitas ocasiões para marcar. Já sabe o que vai fazer antes de receber a bola", garante Rekdal, confiando na importância do técnico encarnado para o sucesso de Tengstedt. "O Rosenborg tinha um estilo bom para ele, direto, intenso. Sei que Roger Schmidt também gosta desse estilo, intenso, agressivo e que joga a pensar em chegar rapidamente à baliza adversária. Por isso acredito que será um bom treinador para ele", defende, sublinhando que, tal como sucede com o Benfica, "o Rosenborg também está habituado a jogar contra equipas fechadas".
E diz que Tengstedt é uma arma para fazer ruir os opositores. "Ajudava-nos a encontrar espaços. Ele sabe encontrar espaços nas defesas, creio que é por isso que o compram", diz, explicando como pode o internacional sub-21 dinamarquês atuar às ordens de Schmidt. "No Rosenborg jogávamos com dois avançados, um mais fixo e o Casper ao lado dele. Pode jogar como o avançado referência, a explorar a profundidade, mas também atrás, como segundo avançado, controlando a bola e entregando-a para os colegas. Agora, não o vejo muito como extremo, mesmo que em zonas interiores", revela, considerando que Tengstedt, um jogador "rápido, que marca e cria golos", não se adapta tão bem a um futebol mais pausado. "Se for uma equipa que joga muito em posse e com muita circulação não se vai tirar o melhor proveito do futebol dele. Precisa de um estilo mais direto", adianta.
Como conselho ao seu antigo jogador, Kjetil Rekdal sublinha que este "tem de manter-se saudável e em forma". "Precisa de ter cuidado com o seu corpo e com a alimentação. Todos os pormenores são importantes porque o nível agora vai ser outro", refere, considerando que Tengstedt "como qualquer jogador, para melhorar, precisa de ser mais rápido". "Quando trocas de campeonato tens de adaptar-te à velocidade do jogo e ao estilo. Precisa de estar na melhor forma", explica, assumindo que a saída do avançado "é uma grande perda" para si. "Estamos a reconstruir o Rosenborg e a saída de um jogador assim é um grande golpe. Mas o futebol é assim. Quando as ofertas são muito boas é impossível dizer não", atira.
Com pormenores a lembrar figura dinamarquesa Elkjaer Larsen
Desafiado por O JOGO a apontar um ponta- de-lança com o qual Casper Tengstedt tenha características semelhantes, Kjetil Rekdal, treinador do Rosenborg, recua mais de 30 anos, apontando uma figura da "Dinamáquina", nome pelo qual ficou conhecida a seleção dinamarquesa que se destacou no Mundial"1986 pelo seu futebol.
"Penso que tem coisas de Elkjaer Larsen. Tenho amigos meus que o tratam assim, lembrando-se dessa grande figura do ataque da Dinamarca nos anos 80", declara Rekdal, apontando a "capacidade de corrida, força e inteligência de Tengstedt" que o fazem "recordar" Elkjaer Larsen, que fez 38 golos em 69 jogos pela seleção e destacou-se por conduzir o Hellas Verona ao título italiano em 1984/85.