Fernando Valente acompanhou Sudakov em momento conturbado: "Mostra a sua determinação"

Fernando Valente foi íntimo de Sudakov, quando este limava o seu potencial nas equipas de formação do Shakhtar e já apaixonava imenso com o seu talento. Já em Portugal, o técnico português acompanhou as aflições que vieram com os bombardeamentos, invasões à força, barbaridades em aldeias. Temia que o futuro estivesse comprometido, de alguém que já descreveu com o maior talento que já dirigiu e que também via nessa altura construir uma família, recebendo os vídeos de Sudakov que documentavam a sua proteção em bunkers, apertado pelo gelo e com uma namorada grávida a seu lado.

O ucraniano derrubou os tempos de incerteza e Valente regozija-se pela sua chegada a Portugal. “É um prémio a um jovem que se conseguiu focar num período conturbado, protegeu a família e, agora, terá em Lisboa outras condições para evoluir”, congratula-se, lendo um crescimento sustentado. “Ele chegar cá mostra a sua determinação e também é fruto do que demonstrou com 30 jogos na Champions, mais de 30 internacionalizações e uma consistente média de 35 por época com vários golos e assistências. Espero que seja mais um degrau de uma grande carreira. Pode não ficar por aqui e o Benfica retirar muitos dividendos”, analisa.

Fernando Valente antecipa o quilate factual da contratação. “Pode dar o que tem faltado à equipa, alguém mais criativo no último terço. Tem uma relação fortíssima com a bola, liga o jogo em espaço curto, conta com meia distância, define muito bem o último momento, seja numa finalização ou num passe”, acrescenta ainda, pontuando a melhor utilização que acredita beneficiar Sudakov. “Pode marcar a diferença se jogar atrás do ponta-de-lança ou como um 10, desde que a bola chegue a esse espaço. O Benfica deve criar contextos para que ele recebe a bola, sem ter de baixar tanto para a receber”, argumenta, como que a dar uma dica a Bruno Lage, que terá de enquadrar o reforço.