Fernando Gomes sobre Artur Jorge: "Foi um percurso longo, de muito sacrifício"

Artur Jorge ajudou a elevar o nome de Portual: “Acima de tudo, a expressão e a conquista do Artur neste percurso tão recente, mas tão rico. Foi um percurso longo, de muito sacrifício, passou por vários clubes, não da divisão principal, mas eu recordo que além do seu percurso enquanto, digamos, aluno no processo de formação, a sua passagem nas equipas sub-23 e equipas B do Braga e que naturalmente deu-lhe toda a capacidade para poder alcançar outros objetivos maiores. É um percurso fantástico, naturalmente, que honra o treinador português, já temos vários treinadores, no caso concreto da Libertadores mais dois, o Jorge Jesus e o Abel Ferreira, e, portanto, não é fácil um treinador chegar ao Brasil, conquistar o Brasileirão, conquistar a Libertadores no mesmo ano e isto é demonstrativo da enorme capacidade de trabalho, de conhecimento, de competência do Artur Jorge neste percurso de um ano de alcançar tão grande nível de objetivo como aquele que acabou por alcançar. Como se costuma dizer, a sorte dá muito trabalho e naturalmente o Artur teve muito trabalho, obviamente também teve que ter a sua dose de sorte, mas acima de tudo aquilo que é demonstrativo e tem sido uma prática ao longo dos anos, nestes últimos anos, que o processo de formação dos treinadores portugueses é uma mais-valia para Portugal, é uma mais-valia para o desporto português e que, efetivamente, quando confrontados com outras realidades, a sua capacidade de adaptação, o seu conhecimento, a sua capacidade de trabalho, fazem acontecer naturalmente aquilo que aconteceu ao Artur Jorge, a quem desejo as maiores felicidades. Os nossos sinceros parabéns por esse objetivo alcançado tão rapidamente, mas acima de tudo as maiores felicidades em termos da sua carreira de treinador, que se vai prolongar necessariamente, mas acima de tudo com um enorme êxito, estou seguro disso.”

Este êxito constante de treinadores portugueses mudou o paradigma em definitivo? “Aquilo que mudou e já há imenso tempo que nós preconizamos e temos particularmente atenção aos processos de formação, portanto juntamente com a Associação Nacional de Treinadores, toda a carreira de formação dos treinadores é extremamente valiosa e rica do ponto de vista de seus conteúdos, não só do ponto de vista técnico, mas de outras valências que hoje um treinador tem que ter. E portanto aquilo que nós temos assistido ao longo destes últimos anos é a afirmação clara dos treinadores portugueses, recordo e digo isto com alguma satisfação, uma medida estrutural que nós tivemos na criação das equipas bês e das equipas sub-23, grande parte dos nossos treinadores que hoje se afirmam passam exatamente nesse estádio de competição como os nossos jogadores e portanto o Artur Jorge é mais um caso evidente, Mourinho, Rúben, também passou nas equipas bês, o Abel Ferreira começou nas equipas bês, o Bruno Lage começou também nas equipas bês e, portanto, este estádio de desenvolvimento que conseguimos implementar não só do ponto de vista da formação e da evolução do jogador português, mas também, e neste caso concreto, do treinador português, nos deixa obviamente de orgulho e de muita satisfação de termos visto a evolução do futebol português na sua qualidade e mais uma vez demonstrado por esta conquista do Artur Jorge em terras brasileiras e da América do Sul.”

Que características é que os treinadores portugueses levam para o Brasil e para todo o mundo e que os distinguem? “O treinador português e a generalidade do povo português tem uma capacidade de adaptação brutal relativamente às novas realidades onde é inserido e, portanto, aliando essa capacidade natural e capacidade de trabalho às competências técnicas que eles foram recolhendo enquanto jogadores e depois enquanto nos processos formativos torna-os claramente uma mais-valia e não tenho dúvidas nenhumas que colocam o treinador português no topo dos treinadores mundiais.”