Fernando Gomes, administrador da SAD do FC Porto, explica os resultados do exercício de 2019/20
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No dia em que a SAD do FC Porto comunicou à CMVM o Relatório e Contas de 2019/20, dando conta de um saldo negativo recorde - fruto de um prejuízo de 116,160 milhões - o administrador Fernando Gomes garantiu que a SAD azul e branca irá "bater o recorde de mais valias do FC Porto no final da época", acrescentando que "se não houver nova paragem dos campeonatos", o FC Porto "vai sair do fair play financeiro no final da corrente época".
Recorde-se que o FC Porto perspetivara a recuperação do investimento feito no defeso 2019/20 até ao final de junho, mas a pandemia adiou o fecho dos campeonatos e, consequentemente, as vendas a efetuar.
Entretanto, os dragões faturaram quase 100 milhões de euros em transferências - com as saídas, por exemplo, de Fábio Silva, Danilo e Alex Telles -, mas esse valor só poderá ser contabilizado em 2020/21, época em que está prevista a saída do fair-play financeiro da UEFA.
Leia declarações na íntegra de Fernando Gomes sobre a explicação para os resultados financeiros apresentados.
"Para facilitar a análise, elencamos um conjunto de destaques: as anómalas circunstâncias em que se desenvolveu a temporada vieram a provocar um resultado fortemente negativo mas que está de acordo com o orçamento aprovado em AG, ajustados os impactos financeiros da pandemia da covid-19.
"Ajustado porquê? Porque não fomos à Liga dos Campeões, dando um prejuízo enorme, e por outro lado, a circunstância da UEFA e as autoridades portuguesa terem mantido o fecho do ano fiscal a 30 de junho quando a época terminou em agosto, que trouxe prejuízo. Há um mês e meio que as coisas estão preparadas para fazer transações e vendas de jogadores para equilibrar as contas. Em agosto, quando pudemos efetuar vendas, já as contas estavam fechadas."
"Pela primeira vez na história do FC Porto, não temos um valor de vendas para o nosso plantel. Os jogadores que foram vendidos entram nas contas do ano em curso, embora se devessem referir na época anterior.
"Aparece agora um prejuízo enorme porque não pudemos registar vendas que ultrapassam verbas os 100 milhões de euros feitos este ano e que deviam ser reportados ao ano anterior. Traz um resultado anormal."
"Na sequência da eliminação na pré-eliminatória da Champions em 2019, foi assumido o risco de não se desbaratar a equipa. Tratou-se de uma decisão política da administração. Tinha sido preparada para disputar todas as competições, com aposta no sucesso desportivo, prevendo um montante de transferências que compensasse, o que não aconteceu por circunstancias de saúde publica e orientações da UEFA."
"Adiamento do mercado de transferências para um período após o encerramento das competições desportivas de 19/20 na sequência da interrupção e a retoma tardia das provas, o que impediu a transferência de direitos desportivos de jogadores até 30 de junho e o registo das mais-valias.
"Reduções das receitas das transmissões televisivas dos jogos da temporada 19/20, em julho, foram contabilizadas em 20/21. Como sabem, houve um período sem jogos e o que aconteceu ao FC Porto, aconteceu com outros clubes. Esse período posterizado para o final dos contratos e portanto ficou aqui um buraco nas receitas que passaram para o ano seguinte."
"Redução das receitas de bilheteira e do negócio corporativo devido à suspensão das competições e ao retomar das competições sem público nos estádios, redução das receitas de merchandising e das visitas ao museu pelo temporário encerramento deste espaço."
"Registo de imparidades do valor do plantel em virtude das vendas de direitos desportivos que geraram menos valias, no caso Aboubakar e Zé Luís, quando estes saíram. Por estarem pouco tempo no FC Porto, não houve tempo para amortizar o valor de compra."