Declarações de Fernando Gomes, administrador da SAD do FC Porto, à margem da apresentação do projeto da Academia do FC Porto que Pinto da Costa pretende construir na Maia. A sessão decorreu na manhã desta quarta-feira, na Tribuna VIP do Estádio do Dragão
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Críticas: "Hoje deveria o ser o dia em que a generalidade, o universo dos portistas, estaria em festa. Deveria ser um momento de grande congratulação de todos os portistas. Mas não é, porque alguém se encarregou, sem que se perceba, só porque sim, pôr em causa este enorme projeto começado há tantos anos. Não se entende e é pena que haja quem esteja a dividir o universo portista sem razões de fundo."
Academia pensada há muito tempo: "Como chegamos até aqui? Primeiro, isto não é o resultado de algo que aconteceu há poucas semanas por causa das eleições. Há anos que o FC Porto procura um projeto em condições de servir as suas ambições na formação e chegamos finalmente a esta situação, porque convergiram muitas boas vontades. Foi há mais de dois anos que esta administração contactou a Câmara da Maia para encontrar esta localização. Fomos recebidos de braçoes abertos, a Maia entendeu a importância económica, de imagem e social deste projeto. Era preciso passar à realização proativa. Não é por querer uma Academia do outro lado do Douro porque me apetece que as coisas acontecem. São anos de trabalho. Está muito dinheiro investido, muita vontade, muito trabalho e dedicação que permitiram que hoje víssemos aqui o que vai acontecer. Não está a acontecer por causa das eleições, não foi possível acontecer antes. As circunstâncias do presidente ter colocado o avanço deste projeto como determinante para a sua continuidade levou à aceleração dos trabalhos, não vamos negar isso. Necessitou da realização no terreno de situações que só foram possíveis porque a empresa ABB, e o senhor Gaspar, nos deram uma ajuda preciosa. Neste momento estão parcelados 9,3 hectares que são propriedade da ABB, são muitos terrenos que pacientemente foram sendo parcelados até aqui. Se o FC Porto fosse para o terreno falar com os proprietários para negociar esses terrenos teria custado o dobro ou mais. Uma coisa é uma empresa de construção com experiência no mercado e sabe fazer estas coisas melhor, que pacientemente foi conseguido juntar e temos os primeiros 9,3 hectares necessários para completar os 23 hectares que tem este projeto."
Hasta pública: "FC Porto está a negociar terrenos sem hasta pública? Não, está garantido que a totalidade dos 23 hectares se vão conseguir em tempo útil para que isto avance já. Como? Temos contrato promessa de compra e venda com o senhor Gaspar Borges condicionado à hasta pública. Da parte do FC Porto seria uma precipitação comprar desde já os 9,3, partindo do princípio que a hasta pública se concretiza em meados de abril. Queremos garantir que sendo nós proprietários dos 14 hectares da Câmara, os 9,3 são nossos. Há uma decisão de que 23 hectares serão do FC Porto a menos que uma coisa muito estranha aconteça durante a hasta pública, o que não é normal. E como se vai pagar? O FC Porto até desmentiu o administrador financeiro em declarações em novembro... Tudo vale como argumentos para dizer que tudo está mal. O que disse o CEO em novembro? Eu disse que o FC Porto teria uma negociação a fazer com o proprietário do terreno e construtor no sentido de haver uma renda resolúvel que seria paga depois de efetuada a construção, e isso seria a forma de conseguir o financiamento. Iria implicar da parte do construtor um esforço financeiro que se refleteria no FC Porto. Só que entretanto, felizmente para nós, conseguiu-se um financiamento e hoje a Academia do FC Porto tem um financiamento que vai permitir pagar a tempo e horas e em seis anos pagar esse financiamento. Estamos absolutamente tranquilos nessa medida. Não há desmentido, mas um avanço às perpetivas que existiam na altura, que era recorrer ao financiamento do próprio construtor, mas obtivemos nós o financiamento."
Iniciar já a construção, antes das eleições: "O que está em curso? Nós adjudicamos uma primeira empreitada, que se concretiza já, que é a terraplanagem, pelo valor 6,890 milhões de euros à empresa ABB, que está a intervir nos 9,3 hectares disponíveis, preparando o terreno para o que vem a seguir. Dir-se-á que estamos a fazer tudo isto porque há um ato eleitoral e estão a pôr lá as máquinas e a fazer as coisas apenas por fogo de vista. Não é assim, as coisas têm de começar. Porque haveria de começar no dia 28 de abril se estão prontas para começar já? Íamos pedir ao construtor para aguentar um bocadinho porque há uns senhores que não gostam. Estão a seguir o ritmo como se nada acontecesse, o ritmo normal de uma empreitada depois de muitos anos de trabalho, a seguir o ser curso independentemente do que se possa dizer. Hasta pública de 3,36 M€ para os terrenos, é um valor muito aceitável, um bom valor para o terreno e quero querer que não haverá nada que impeça este avanço."
Disse que a menos que aconteça algo muito estranho há garantia que os terrenos serão para o FC Porto. Que garantias são essas e que coisa estranha seria?
"É muito difícil que venha a ser inviabilizado. Porque é que disse que praticamente está resolvido? Primeiro porque há uma hasta publica da Câmara para a venda de 13 hectares para este projeto, de uma infraestrutura desportiva. Não me parece que haja alguém que, só para prejudicar o FC Porto, para adiar o arranque da operação, queira ir licitar um terreno para ficar com metade do terreno da Academia. Mas também lá estaremos nesse dia. É muito pouco provável que isto aconteça. Um por cento de probabilidade de acontecer e por isso referi, para que toda a gente fique atenta ao que vai passar-se na hasta pública daqui a uns dias."
Indicação de que a escritura possa ser feita até final de abril? "Sim, mas é absolutamente irrelevante. Tanto pode ser final de abril, final de maio ou final de agosto. A partir do momento da adjudicação da Maia, a escritura é um formalismo. A escritura é importante para titular a propriedade, mas é não relevante para nada deste processo."