Campeonato nacional arranca este fim de semana e a O JOGO, a treinadora Madalena Gala explica o processo de mudança e novas ideias na equipa terceira classificada em 2018/19
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Dos 16 aos 44 anos. Bem se pode dizer que o Clube Futebol Benfica apresenta uma equipa feminina onde se mistura experiência e muita juventude. Aliás, a aposta na formação ganha ainda mais força para a nova temporada, pois também é com o recurso a jogadoras que estão a debutar o seu percurso que Madalena Gala espera criar uma equipa competitiva.
A iniciar a segunda época como treinadora principal, Madalena viu-se forçada a implementar mudanças, até pela saída de três jogadoras nucleares. Falamos das internacionais portuguesas Andreia Veiga e Mafalda Marujo e ainda Sofia Nunes, habituais titulares que rumaram ao Amora. A escassos dias da primeira jornada do campeonato, este domingo frente ao Albergaria, o tempo ainda é de criação de rotinas e assimilação de ideias. "Não é no espaço de um mês que se consegue mudar tudo de uma época para a outra e estamos a apostar muito na formação", diz Madalena Gala, em conversa com O JOGO.
Também ela uma jovem, ambiciosa e metódica, diga-se, tem os pés assentes na terra e promoveu ao plantel principal duas jogadoras de 16 anos: a extremo/médio Joana e a avançada Mariana. "Acho que é algo essencial no futebol. A experiência das mais velhas faz com que as mais novas aprendam", sublinha. E três vezes por semana, os treinos do emblema lisboeta, que tem dois títulos de campeão nacional, acontecem em horário pós-laboral, como tantas outras equipas amadoras, prolongando-se até à meia noite, muitas das vezes.
Ao lado das miúdas que dão os primeiros passos no futebol feminino estão duas atletas consagradas: Edite Fernandes e Sílvia Brunheira. Depois de uma lesão que lhe fez perder grande parte da época passada, a avançada está a readquirir ritmo competitivo e procura os melhores índices físicos. E Sílvia, 44 anos, não se cansa do futebol. "Quem me tirar a Sílvia, tira-me tudo. Tem uma presença em campo... por isso é minha capitã principal, é a voz de comando no relvado", considera a treinadora que trabalha pela primeira vez com Joana Flores. Dois anos e sete meses depois de ter deixado o futebol de 11, a extremo voltou a uma casa que bem conhece, sendo que até já deu uma Taça de Portugal ao Fófó, com um golo no Jamor. "É excelente. Nunca tinha trabalhado com ela. É incrível, muito esforçada e humilde. É destas jogadoras que precisávamos", refere Gala.
Num grupo que aproveitou a pré-época para uma iniciativa de "team building", que permitiu reforçar laços, mantêm-se a atacante Andreia Silva e a médio-defensiva Sara Granja, campeã nacional pelo Sporting, uma dupla com muitos anos de futebol e que dá tudo em prol do coletivo. Do Sporting chegaram Bárbara Marques, Maria João, Rita Barreto, Maria Cabo e Margarida Costa, sendo que apenas Bárbara jogou pela equipa principal leonina.
Outra jogadora valiosa, pese a juventude é a lateral-esquerda Catarina Pereira, que já na época passada deu excelentes indicações. Uma das novidades no clube presidido pelo carismático Domingos Estanislau passa pela criação da equipa B, que permitirá dar competição a todas as seniores não convocadas semanalmente.
Madalena Gala, que também praticou futebol, sabe que é muito difícil repetir o terceiro lugar alcançado na época transata, atrás de Braga e Sporting, até porque o Benfica se estreia na liga principal. A diferença ainda é abissal para os emblemas profissionais, mas apesar das dificuldades, baixar os braços é algo que não entra no léxico da treinadora de 26 anos. "Será uma luta a três pelo título. Nós vamos sempre lutar pelo lugar mais alto. Não vamos jogar olhos nos olhos com Braga, Sporting e Benfica, porque não tenho argumentos, mas vamos tentar anular ao máximo possível essas equipas que quase não têm pontos fracos. São jogos de muita estratégia em que queremos limitar os movimentos padrão deles. Com as restantes equipas, faremos o nosso jogo, tentando impôr as nossas dinâmicas", explica, acrescentando que a presença na final-four da Taça da Liga, criada este ano, é uma meta.