Tem o dom de ser desconcertante e nunca duvidar de si nos grandes palcos. Já marcou e venceu em Nápoles e deve voltar ao onze. O Braga leva ambições de seguir na Champions para Nápoles e Artur Jorge tem tudo para apostar no desenho ofensivo mais produtivo da equipa. Bruma ganhou andamento em Vizela e até marcou.
Corpo do artigo
Com um certo poder enfeitiçante, brusco no prazer da ação e rasgos que suplantam missões impossíveis, Bruma é uma grande esperança do Braga para Nápoles. O extremo de 29 anos deve reativar a condição de titular, após ter falhado a importante receção ao Union de Berlim e ter saído do banco nos últimos dois jogos da Liga. Os 45 minutos que Artur Jorge ofereceu ao extremo em Vizela serviram para relançar o luso-guineense nas rotinas com os habituais titulares. E a resposta foi um golo, a fechar as contas da quarta vitória arsenalista seguida para a Liga.
Agora, sim, o Bruma que reconquistou a atenção da Seleção, juntou duas internacionalizações no consulado de Roberto Martínez, sorrindo como jogador solto e com magia para dar e vender, está pronto a atacar um dos palcos mais divinos, onde combinam forças uma equipa de topo e uma inspiração imortal que dá nome ao estádio: Diego Maradona.
Perante um Nápoles a arder por dentro, refém de uma chicotada recente e sem ânimo recuperado, maltratado por três derrotas consecutivas, Bruma tem a seu favor a experiência acumulada na competição, no Galatasaray, Leipzig e Olympiacos e uma aura de perito em aprofundar transtornos e agudizar dores de cabeça. Com números estimulantes na época, e um arranque brutal na Champions, marcando ao Nápoles na Pedreira, e assinando um golo em forma de monumento em Berlim, que foi o melhor da segunda jornada da prova, decisivo para uma catártica reviravolta, Bruma está esfaimado por tocar o céu e promover uma degustação mais ampla da prova ao Braga com uma inédita presença nos oitavos.
Traído por lesão e riscado da receção ao Union Berlim, já depois de ter recuperado em cima da hora para defrontar o Real Madrid, em casa, longe da melhor forma, Bruma ferve com essas contas pendentes, tendo até a melhor das memórias da única vez que pisou o recinto napolitano, então chamado de San Paolo. Pelo Leipzig, na Liga Europa de 2017/18, assinou um dos golos de uma vitória por 3-1 dos alemães em Itália, deixando marca influente no acesso da sua equipa à eliminatória seguinte.
Moutinho é outro tesouro guardado
Descanso precioso em Vizela, após cinco jogos a titular, antecipa papel cimeiro em Nápoles
Poupado em Vizela, onde não saiu do banco, o experiente médio será peça determinante na estratégia de Artur Jorge. Moutinho vem de um conjunto de grandes exibições com papel muito ativo nas dinâmicas da equipa, bem como na coesão estrutural, pelo que a interrupção do seu ciclo de jogos, cinco seguidos no onze e três deles completos, foi apenas norteada pela necessária recuperação de fôlego e salvaguarda de todas as qualidades para um choque de dimensão estratosférica dos guerreiros, que pode marcar a própria história do clube, em função de um passaporte para os oitavos de final.
João Moutinho conhece como poucos todos os caminhos que um jogo pode ter, dos mais esperados aos imprevisíveis, juntando o arcaboiço dos 37 anos, dos 65 jogos na Champions e das 146 internacionalizações, sem falar de incontáveis títulos.
Perspetiva-se, até pela necessidade do Braga assumir uma dimensão ofensiva, que Moutinho jogue ao lado de Zalazar, sendo dele que se espera o ponto de equilíbrio da equipa e bloqueio maior das investidas napolitanas. O médio tem um jogo à sua medida para continuar na grande montra.