Fé movimenta os emigrantes: "Portista que é portista está sempre atrás da equipa"
Adeptos do FC Porto em Bruxelas fizeram um esforço financeiro para ver o encontro com o Anderlecht. Dragões terão o apoio de mais de 1300 adeptos, a maior parte residentes em Portugal. Travão colocado pelo Anderlecht à venda de bilhetes para outros locais do estádio fez disparar preços no mercado negro.
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O momento interno do FC Porto é tudo menos famoso. Três derrotas consecutivas, incluindo uma com o Benfica e outra que ditou o afastamento da Taça de Portugal (Moreirense), transformaram o ambiente saudável que rodeava a equipa num bem mais conturbado, mas, para quem deixou o país à procura de melhores oportunidades, a vontade de ver de perto os dragões não desaparece. “Portista que é portista está sempre atrás da equipa, mesmo depois de jogos difíceis e numa altura em que as coisas não estão a correr como queremos”, garante a O JOGO Sérgio Costa, emigrante português na Bélgica. “Como qualquer portista, não ando muito contente com o que se está a passar. Mas vamos acreditar que é uma fase e que o FC Porto se vai reerguer rapidamente, tanto a nível nacional como europeu, porque o que se passou nos últimos jogos foi pesado. Principalmente com o Benfica”, afirma, por sua vez, Alexandra Rodrigues, também a viver em Bruxelas há 30 anos.
Os dragões terão nas bancadas do recinto belga mais de 1300 adeptos, a grande maioria residente em Portugal, uma vez que não foi fácil para os emigrantes conseguir ingressos. O Anderlecht impediu que os simpatizantes do FC Porto adquirissem bilhetes para outras zonas do estádio de forma a evitar problemas e “os preços pedidos no mercado negro são o dobro ou o triplo do estipulado”. “Não há possibilidade de ir ver o jogo, mas, quando se é portista desde pequenina, é uma alegria e um sonho ver a equipa e os jogadores de que gosto jogar aqui”, refere Alexandra. Sérgio teve mais sorte e vai ao estádio acompanhado pelo filho Leandro. “Conhecemos pessoas e consegui 25 bilhetes, mas os pedidos eram o dobro. Claro que agora, pelos valores atuais, está fora de questão. Se fosse ao preço do bilhete, não seria 50. Seriam facilmente 500”, afiança.
Os restantes ficarão por casa ou estarão distribuídos por alguns estabelecimentos da zona de Saint-Gilles, já que Bruxelas deixou de ter Casa do FC Porto e a interrupção da atividade do clube com o mesmo nome dificulta o convívio. “Há sempre grupos de dez ou 15 que se juntam, mas quando mistura adeptos de outros clubes pode correr mal”, justifica Sérgio Costa, em jeito de lamento, mas movido pela fé de que melhores dias virão nesse departamento e para a equipa.
FC Porto Brussels pára a atividade
Campeão da Provincial 3 na temporada de 2021/22, o FC Porto Brussels é agora um projeto suspenso por “falta de meios e apoios”. “Tínhamos sido campeões, subimos a uma divisão profissional, mas tivemos de interromper a atividade há cerca de um ano por falta de patrocinadores, ajudas e de pessoas para auxiliar no dia a dia”, conta Sérgio Costa, que capitaneava uma equipa profundamente marcada pela paixão pelos azuis e brancos. “Tentámos arranjar uma solução para continuar, mas não foi possível. Não quer dizer que seja definitivo, mas nesta altura teve de ser assim”, sustenta Alexandra Rodrigues, ex-dirigente do clube.
Anderlecht anuncia casa cheia
O Lotto Park, casa do Anderlecht, terá lotação esgotada no jogo de quinta-feira (20h00), relativo à quinta jornada da fase regular da Liga Europa. No entanto, recorde-se que um setor do do estádio estará fechado por imposição da UEFA, pelo facto de adeptos da equipa belga terem atirado objetos para o relvado num outro jogo.