As portas trancadas ao longo do corredor central têm convidado ambas as equipas a uma fuga para as alas, caminho mais curto para batizar redes que esta época se têm mantido teimosamente invioladas.
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O Estádio do Dragão recebe a penúltima volta de uma longa maratona de clássicos entre o FC Porto e o Sporting. Esta, iniciada no dia 1 de outubro de 2017, tem sido marcada pela pontaria desafinada das duas equipas, que marcaram apenas um golo nos três jogos que já disputaram entre si na presente temporada. Esse, da autoria de Soares, de cabeça, após um cruzamento preciso de Sérgio Oliveira, no duelo da Taça de Portugal, ilustra na perfeição o caminho mais curto que dragões e leões têm percorrido para gritar "golo" em clássicos desde 2015/16.
Desde o primeiro jogo entre ambas as equipas com Jorge Jesus no banco do Sporting, disputado em janeiro de 2016, foram marcados 13 golos: oito pelos leões e outros cinco pelos dragões. Cinco deles - já contando com o supramencionado de Soares - resultaram de cruzamentos a solicitar finalizações dentro da área. Foi assim que Soares, duas vezes de cabeça, e Felipe, de pé direito, carimbaram a baliza de Rui Patrício em clássicos de 2016/17 e da presente temporada. Já do lado do Sporting, a honra coube a Slimani, com dois cabeceamentos fulgurantes a bater Casillas em cada um dos jogos com os dragões na época 2015/16. Curiosamente, os três cruzamentos que culminaram em golos do FC Porto vieram da direita (Layún, Corona e Sérgio Oliveira), enquanto o argelino do Sporting foi servido com dois centros... da esquerda (Jefferson e Bryan Ruiz).
Convidado por O JOGO para analisar este padrão, Carlos Azenha explica-o com a grande densidade "populacional" existente no miolo, que tem "convidado" ambas as formações a explorarem as alas para surpreender o rival. "No caso do FC Porto, nos dois primeiros anos tivemos treinadores que utilizaram o 4x3x3, usando as alas como processo fundamental para chegar ao golo. Mesmo em 4x4x2, o Sporting não é diferente, embora, no Dragão, vá ter uma ala coxa devido à ausência do Gelson. Acredito que se continue a jogar um futebol retilíneo, com a procura do drible um contra um para servir o ponta de lança", afirmou o técnico.
Esse mesmo povoamento do corredor central, onde costumam reinar os internacionais portugueses Danilo Pereira e William Carvalho, também ajuda a explicar a baixa percentagem de golos apontados através de remates fora da área: o FC Porto não marcou nenhum, enquanto o Sporting somou dois, através de Gelson e Alan Ruiz, nos clássicos de Alvalade e Dragão em 2016/17, respetivamente.
Outro valor residual é aquele que é representado pelo aproveitamento das bolas paradas. Nos últimos três anos, apenas dois golos nasceram da marcação de livres (ambos através de... cruzamentos para a área), mas, curiosamente, esse "talento" não foi visível nos pontapés de canto, que resultaram em tiros de pólvora seca para ambos os lados. As grandes penalidades, bastante comuns neste tipo de jogos, também estiveram afastados da ribalta: só foi assinalada uma, que Herrera converteu.