Regras da UEFA permitem à SAD aliviar a pressão das vendas. Encaixe pode ser feito até ao final do mercado e não até...depois de amanhã. Vendas só pelas cláusulas.
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Não há saldos no Dragão, nem pressão para vender a qualquer preço até ao final do mês. Pinto da Costa já deu indicações internas e aos agentes dos jogadores que só permitirá a saída de ativos mediante o pagamento das respetivas cláusulas de rescisão.
Caso contrário, a SAD assume os riscos para oferecer a Sérgio Conceição, que recusou os milhões do Al Hilal para continuar no Dragão, um plantel competitivo, que será, naturalmente, reforçado.
Fernando Gomes, administrador para a área financeira, assumiu a necessidade de fazer mais-valias - não quantificou, mas serão à volta de 50 M€ antes do fecho do exercício , a 30 de junho - de forma a equilibrar as contas, mas O JOGO sabe que isso não vai acontecer, sem qualquer drama nem risco de penalização pelas instâncias do futebol europeu.
As regras de licenciamento têm algumas exceções e uma delas diz, por exemplo, que para 2023/24, os gastos com salários e transferências - o chamado rácio do custo do plantel - pode ser de 90 por cento, e não de 70 por cento das receitas. Ou seja, um clube poderá gastar um pouco mais do que o estabelecido inicialmente. Além disso, e mais importante para o FC Porto, o período de cálculo é o ano civil e não a temporada. Ou seja, a próxima verificação das contas por parte da UEFA só será efetuada a 31 de dezembro de 2023, o que significa que é nessa altura que as contas da sociedade têm de estar equilibradas, permitindo, portanto, que as eventuais vendas se façam até ao fecho do mercado, sem a pressão dos dias contados.
Porém, a SAD dos dragões sabe que terá, ainda, de reduzir em 10 por cento os capitais próprios negativos [diferença entre o valor do ativo e do passivo]. Ora, em 2022, de acordo com o último relatório e contas, esse valor era de 122,028 milhões de euros, o que significa que essa redução não poderá ser inferior a 12 M€. Além das eventuais vendas que venham a acontecer, a SAD portista vai procurar alternativas para minimizar o efeito negativo das contas. Desde logo, haverá redução de custos com a estrutura. A antecipação de receitas ou a fusão de algumas empresas do universo azul e branco, que faria aumentar o capital social da sociedade, são outras opções possíveis.
Exercício não escapa ao negativo
No primeiro semestre de 2022/23, a SAD do FC Porto apresentou contas negativas de 9,9 milhões de euros e desde então não teve receitas extraordinárias de muito relevo, além dos 9,6 M€ do apuramento para os oitavos de final da Liga dos Campeões e os 7,5 M€ que vai receber pela venda do passe de Diogo Leite ao Union Berlim. Como a tal necessidade, assumida por Fernando Gomes, de realizar mais-valias até sexta-feira, não se deverá concretizar, a SAD irá inevitavelmente dar prejuízo nas contas anuais, faltando saber o valor em causa. O que se sabe é que, de acordo com a regras do fair-play financeiro da UEFA, a sociedade não poderá apresentar um prejuízo superior a 5 milhões de euros no acumulado dos últimos três anos. Ora, tendo dado lucro de 19,3 M€ em 2020/21 e de 20,8 M€ no ano passado, as contas são simples: haverá margem para as contas no vermelho chegarem aos 45 M€.
Mercado
Diogo Costa
75 milhões de euros
Apontado ao United, a verdade é que os reds ainda não avançaram com uma oferta. Também o Chelsea, que perdeu Mendy, segue o portista. Pelos valores em causa, só mesmo um tubarão inglês ou um novo predador da Arábia Saudita terão capacidade.
Taremi
60 milhões de euros
É outro dos ativos que tem sido muito procurado. Já recusou uma proposta multimilionária do Al Hilal porque prefere manter-se na Europa. O Milan e o Marselha também estão interessados, resta saber se têm argumentos financeiros.
Otávio
40 milhões de euros
Indispensável na manobra de Conceição, o melhor jogador do último campeonato tem uma cláusula relativamente baixa até dia 15 de julho. Depois sobe para 60 M€. De acordo com o empresário do "Baixinho", o Inter de Milão está tentado a pagar.
Toni Martínez
60 milhões de euros
Renovou contrato em abril e será muito difícil sair do FC Porto neste mercado de verão. Tem sido associado a alguns clubes espanhóis - Granada e Valência -, que não têm poder económico para se aproximarem sequer do valor da cláusula.
Pepê
75 milhões de euros
O extremo já garantiu, em entrevista a O JOGO, que pretende continuar no FC Porto em 2023/24. Com passaporte italiano na mão as portas de Inglaterra abrem-se com maior facilidade, mas não é expectável que algum clube vá ao encontro das pretensões da SAD portista.