FC Porto reuniu com o CA e detalhou os motivos pelos quais sente estar a ser o mais prejudicado

André Villas-Boas
Pedro Correia/
Cara a cara com o Conselho de Arbitragem, o FC Porto detalhou erros e visou a política de comunicação do setor. André Villas-Boas reiterou as queixas do clube e saiu ao fim de 30 minutos. Tiago Madureira e Bertino Miranda expuseram caso a caso o argumento de que os dragões têm sido os mais prejudicados.
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André Villas-Boas, Tiago Madureira e Bertino Miranda reuniram-se com o Conselho de Arbitragem (CA) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), numa audiência que fora pedida pelo FC Porto no dia 1 de novembro. Na Cidade do Futebol, os representantes dos dragões estiveram cara a cara com Luciano Gonçalves, presidente do CA, acompanhado por outros membros deste organismo, Rui Licínio, Luís Estrela e Joel Amado. Estes foram confrontados com reivindicações, reparos e reflexões sobre o momento que a arbitragem atravessa, desde as decisões técnicas e disciplinares até à política de comunicação da FPF neste campo.
O presidente do FC Porto só esteve presente nos primeiros 30 minutos, período no qual se mostrou preocupado e reiterou as posições que os dragões já tinham exposto num comunicado publicado a 4 de novembro. Na perspetiva do clube, recorde-se, subsistem problemas sérios na arbitragem, começando na dualidade de critérios e passando pela falta de uniformização nas decisões e o condicionamento das arbitragens. Tudo isto foi afirmado de viva voz por André Villas-Boas, que optou então por abandonar a reunião e delegar a parte mais técnica a Tiago Madureira, vice-presidente, e Bertino Miranda, antigo árbitro auxiliar e assessor e formador do FC Porto para as questões de arbitragem e leis do jogo.
Num balanço às arbitragens do primeiro terço do campeonato, ambos apresentaram uma exposição detalhada, caso a caso, para argumentarem que o FC Porto tem sido o clube mais prejudicado até então. Não só pelos próprios jogos, mas também pelo que entende terem sido erros cometidos nos encontros dos principais adversários na luta pelo título, Benfica e Sporting. Esta sustentação, sabe O JOGO, baseou-se também nas próprias avaliações do CA aos desempenhos das equipas de arbitragem, que, não obstante, os dragões consideram escassas - vão de insatisfatório a muito satisfatório, sem especificar os motivos que conduziram a determinada nota.
Outro ponto que o FC Porto considerou pertinente foi o modelo de comunicação na arbitragem que a federação adotou para esta temporada. Na televisão, Duarte Gomes, diretor técnico nacional da arbitragem, explica e comenta semanalmente algumas decisões dos juízes. A cada quinze dias, são divulgados áudios de comunicações dos árbitros com intervenção do VAR e há uma avaliação pública feita pela FPF a cada dez jornadas, sendo que a primeira foi na semana passada. Ora, os dragões defenderam que a forma como a comunicação tem sido gerida não só não ajuda a pacificar o ambiente em torno do setor, como tem alterado a perceção pública dos erros que têm sido cometidos no campeonato.
Pontos
Critérios - O FC Porto entende que um dos principais problemas na arbitragem tem passado pela desigualdade e incoerência nos critérios dos árbitros, numa análise que também visou os jogos dos principais adversários.
Pressão - O clube reiterou o que já dissera publicamente sobre pressões e condicionamentos às equipas de arbitragem.
Notas - Para os dragões, as avaliações dos árbitros que são tornadas públicas são escassas.
Comunicação - Na perspetiva do FC Porto, o modelo de comunicação adotado pela FPF para a arbitragem é ineficaz e influencia negativamente a perceção pública.
Presidente também conversou com Proença
Tal como O JOGO avançou ontem na edição online, a agenda de André Villas-Boas em Oeiras não se limitou ao Conselho de Arbitragem. De manhã, o presidente do FC Porto reuniu-se com Pedro Proença, homólogo da FPF. Nessa conversa, o líder portista potenciou o debate sobre diversos temas que considera importantes para o futebol português em geral, como custos de contextos, seguros, IVA, IRS, apostas desportivas e a visão geral da FPF para o futuro. Ao mesmo tempo, Villas-Boas expôs as preocupações e pontos de vista do FC Porto nos temas que marcam a atualidade do futebol nacional.
Duas semanas bastante agitadas
A reunião com o Conselho de Arbitragem foi pedida a 1 de novembro, antes de vários jogos que motivaram ainda mais polémica. O clima em torno do setor tem ficado cada vez mais encrespado e terá atingido o seu pico na última jornada antes da paragem para as seleções, eclodindo protestos, comunicados e uma reunião da APAF com a FPF e Liga, além de uma conferência de imprensa do Conselho de Arbitragem para analisar as dez primeiras rondas.

