Portistas já desperdiçaram nove pontos em oito jornadas como visitante. Apagão do ataque contribui para registo ímpar com Sérgio Conceição.
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O primeiro jogo sem marcar do FC Porto desde o clássico com o Benfica, disputado a 21 de outubro, resultou no quarto tropeção fora de casa... em oito jornadas.
Os dragões já deixaram escapar nove pontos nessa condição esta época, registo nunca visto desde a chegada de Sérgio Conceição, em 2017/18.
Na que antecedeu esse momento, com Nuno Espírito Santo, o desperdício atingia os 11 pontos em igual período, mas o máximo com o atual treinador eram sete, somados em temporadas consecutivas: 2019/20 e 2020/21. Um histórico capaz de fazer disparar os alarmes no Olival e aumentar os níveis de preocupação com o atual, até porque as deslocações teoricamente mais complicadas, a Guimarães (17.ª jornada), a Alvalade (20.ª), a Braga (25.ª) e à Luz (27.ª), respetivamente, ainda estão por efetuar.
Entre os quatro primeiros classificados da Liga, de resto, apenas o Sporting faz pior que o FC Porto no capítulo dos pontos perdidos na condição de visitante. Com a derrota de ontem, frente ao Marítimo [ver páginas 2 a 7], os leões deixaram ficar 14 pontos longe de Alvalade, enquanto que Braga e Benfica só três e cinco, respetivamente. Os arsenalistas tombaram no Dragão (4-1), enquanto que os encarnados patinaram em Guimarães (0-0) e na Pedreira (3-0). E também por isso ocupam os dois primeiros lugares da tabela nesta fase.
Muita produção para tão pouca eficácia no remate
A autópsia realizada por O JOGO aos deslizes do FC Porto longe do Dragão aponta sempre para a mesma explicação: um "apagão" geral a nível ofensivo. Em causa não está a produção da equipa de Sérgio Conceição, ainda que esta revele uma tendência - ou defeito, como se lhe quiser chamar - para forçar a entrada na área, mesmo perante blocos defensivos mais densos, em vez de arriscar o disparo de longa distância. Como se percebe pela infografia que acompanha esta análise, o rendimento caseiro dos azuis e brancos é amplamente superado pelo que apresentam como visitantes em quase todos os parâmetros (posse de bola, remates, cruzamentos, cantos, etc.).
Contudo, há um detalhe que faz toda a diferença: a tremenda falta de eficácia. Na derrota com o Rio Ave, em que a defesa consentiu três golos, os dragões atiraram por 27 ocasiões e só faturaram uma vez. No empate de sábado, com o Casa Pia, o cenário ainda foi mais negro: 23 tiros e zero no fundo da baliza. Não surpreende, por isso, que a média de golos dos portistas longe de casa caia para menos de metade (1,5) da que apresentam no Dragão (3,4), onde só tropeçaram por uma vez, contra um adversário direto na corrida pelo título (Benfica).