FC Porto: lucro de 2020/21 cai para 19,3 M€ e fidelidade de Sérgio custou 1,8M€
O resultado 33,4 milhões de euros, anunciado como o mais elevado de sempre da sociedade e aprovado por unanimidade pelos acionistas em novembro, foi revisto após "interações com a CMVM".
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A inexistência de "evidências corroborativas" que "permitam demonstrar que o valor justo" da operação financeira entre o FC Porto e o V. Guimarães "pode ser mensurado de forma fiável", como já havia alertado o auditor do Relatório e Contas relativo a 2020/21, levou a sociedade portista a rever em baixa o resultado do último exercício.
De acordo com o comunicado enviado na sexta-feira à CMVM, os dragões tiveram de reverter os valores da aquisição de Romain Correia (11,3 M€) e João Mendes (2,8 M€) na "sequência de interações" mantidas com o regulador, pelo que o lucro anunciado de 33,4 M€ - o mais alto de sempre - baixou para os 19,3 M€.
Face a esta alteração, "as rubricas relacionadas com passes de jogadores tiveram um saldo líquido negativo" de 19,8 M€, uma vez que as vendas de direitos desportivos de jogadores efetuadas no primeiro semestre resultaram em "montantes não relevantes", e o valor do plantel caiu dos 110 M€ para os 95,9 M€.
Do relatório sobra ainda a informação de que a dívida de cerca de 900 mil euros à Doyen Sports, que resultava do negócio Brahimi, foi liquidada. Do documento extrai-se também um pedido de empréstimo de 2,6 M€, bem como a realização de cinco novos contratos de "factoring" nos primeiros seis meses do exercício. Entre as garantidas oferecidas para conseguir financiamento estão os direitos económicos de jovens como Diogo Costa, João Mário e Fábio Vieira, mas também dos mais experientes Uribe e Taremi.
Dragões esclarecem processo "Cartão Azul"
Na rubrica passivos contingentes, sobre os processos judiciais em curso, o FC Porto diz que o julgamento do recurso apresentado no "caso dos e-mails" ainda aguarda por uma data e aflora ainda o processo "cartão azul", que motivou buscas no Estádio do Dragão. "De acordo com aquilo que nos foi transmitido, nesse processo estariam alegadamente em causa eventuais questões contratuais sobre liquidações fiscais referentes a serviços de intermediação de contratos desportivos e consultoria [...] Durante essas buscas não houve lugar a qualquer constituição de arguido, nomeadamente, do FC Porto, da SAD ou de algum seu administrador ou trabalhador. Situação que não se alterou até à presente data", pode ler-se no documento.
Fidelidade de Sérgio teve custo de 1,8 M€
A permanência de Sérgio Oliveira no FC Porto até janeiro acionou uma cláusula no contrato do médio que lhe rendeu 1,8 milhões de euros. O montante, que surge englobado na rubrica Outros do relatório e contas semestral da SAD, é descrito como "um prémio de fidelidade". O internacional português, recorde-se, podia ter seguido as pisadas de Herrera, Brahimi e Marega e deixar o clube a custo zero no último defeso, mas aceitou renovar a ligação aos azuis e brancos, em dezembro de 2020, por cinco temporadas.
Entretanto, foi cedido à Roma até junho, com os italianos a assumirem o pagamento de 1 M€ de taxa de empréstimo, que pode chegar aos 1,5 M€. A opção de compra está fixada nos 13 M€, mas o valor poderá atingir os 20 M€ mediante a concretização de objetivos do jogador e da equipa.