Yokohama foi palco da conquista da segunda Intercontinental do FC Porto. Pedro Emanuel recorda em O JOGO um encontro que os dragões dominaram por completo, atiraram quatro vezes aos ferros e viram dois golos anulados. “Fui para o penálti sem medo de ser feliz”, garante.
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Se a imagem de Fernando Gomes a empurrar a bola para dentro da baliza sobre um manto de neve ainda perdura na memória de quem viu a conquista de Taça Intercontinental de 1987, dificilmente alguém se esquece do olhar focado de Pedro Emanuel antes de bater o penálti que permitiu ao FC Porto repetir aquele feito em 2004. No dia em que se assinalam 20 anos desde que os dragões chegaram ao topo do Mundo pela segunda vez na história, O JOGO faz uma viagem no tempo na companhia do antigo central, que atribui agora ainda mais valor ao feito alcançado em Yokohama. “Passados 20 anos, é quando verdadeiramente temos a noção do que se conquistou na altura, da dificuldade que foi e que continua a ser. Ainda mais agora, com o novo modelo da competição”, refere o treinador recém-contratado pelos árabes do Al Fayha, numa alusão ao Mundial de Clubes que se disputará no próximo ano e no qual os azuis e brancos também estarão presentes.
A 12 de dezembro de 2004, o FC Porto chegava ao Japão como vencedor da Liga dos Campeões e enfrentava o Once Caldas, detentor da Libertadores. O jogo, disputado numa manhã de domingo em Portugal, teve apenas um sentido: o da baliza dos colombianos. “A final foi toda nossa. Tivemos golos anulados e fomos claramente melhores”, recorda Pedro Emanuel. Afinal, os dragões não só viram duas finalizações de McCarthy serem canceladas por fora de jogo do sul-africano, como ao longo de 120 minutos ainda atiraram quatro vezes aos ferros da baliza de Henao. Um festival de desperdício que não contribuiu para o estado emocional da equipa. “Tudo nos foi criando alguma ansiedade: o desenrolar do jogo, os golos anulados, a situação de o Vítor [Baía] ter tido aquela quebra, também fruto do fuso horário e de tudo aquilo que era a envolvência do jogo, com o sistema nervoso a fazer o seu trabalho”, conta.
Chegaram os penáltis e novo encontro imediato com a trave. Desta vez por Maniche e numa ronda crucial no desempate: a última das cinco a que cada equipa tem direito antes do mata-mata. Contudo, os deuses acabariam por desviar o disparo de Fabbro para o poste direito da baliza de Nuno Espírito Santo e, quatro rondas depois, oferecer a Pedro Emanuel a oportunidade de vestir a capa de herói. O olhar concentrado e ameaçador que lançou, oportunamente captado pela transmissão televisiva, foi, garante, “de convicção”. “Fui para o penálti sem medo de ser feliz”, afiança. E foi. Ele e o FC Porto.
Maniche: MVP do jogo trouxe a chave e deixou ficar o carro
A infelicidade na lotaria das grandes penalidades não impediu Maniche de ser considerado o MVP do jogo com o Once Caldas. O antigo médio tinha direito a receber um Toyota Prius e chegou mesmo a posar para as fotografias em frente ao carro com uma chave dourada do patrocinador do encontro. Contudo, decidiu prescindir do veículo em troca de um valor monetário que, ao câmbio atual, rondaria os 23 mil euros. A verba foi posteriormente doada a duas instituições de caridade: o Coração da Cidade e a Sol.