FC Porto: enfermaria lotada só dá esperança para Milão e receção ao Rio Ave preocupa
Uribe e Galeno a contas com microrroturas aumentam as dores de cabeça de Conceição. Cenário para a receção ao Rio Ave é preocupante. Fábio Cardoso e Wendell são os únicos que ainda podem recuperar para a sábado, mas não será fácil. Portistas cruzam os dedos pelo restabelecimento de Otávio e Evanilson, de olho na visita ao Inter.
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O regresso do FC Porto aos treinos após a vitória sobre o Sporting (1-2) confirmou o pior cenário em relação a Uribe e Galeno, dando novas dores de cabeça para Sérgio Conceição. Reavaliados após terminarem o duelo de Alvalade em dificuldades (o extremo foi substituído aos 75"), os dois jogadores sofreram o mesmo tipo de lesão muscular - microrrotura no adutor da coxa esquerda - e aumentaram para oito o número de "clientes" do boletim clínico.
O cenário para a receção de sábado ao Rio Ave é, portanto, delicado, e os dragões depositam esperança na recuperação de alguns elementos para o encontro com o Inter, na próxima quarta-feira, em Milão. Mas vamos por partes.
Em relação à partida com os vila-condenses, só Fábio Cardoso e Wendell dão sinais de poderem estar restabelecidos a tempo, mas não será fácil. Em todo o caso, para aqui há alternativas. Mais complicado será do meio-campo para a frente. Problemas para Conceição resolver nos próximos treinos sabendo que sobram Pepê, André Franco, Gonçalo Borges e Fernando Andrade - este ainda não jogou esta época - para os corredores.
Voltando aos mais recentes indisponíveis, Uribe e Galeno, estão praticamente descartados do jogo de sábado, dado o tempo de recuperação normalmente requerido pelo problema muscular que ambos apresentam. Nesse sentido, até a eventual disponibilidade para a primeira mão dos oitavos de final da Liga dos Campeões se afigura difícil. Todavia, o departamento médico portista acredita que até ao embate de San Siro possam surgir novidades sobre outros jogadores.
É aqui que entram em cena os nomes de Otávio e Evanilson, duas das principais figuras do plantel. O primeiro, recorde-se, encontra-se no Brasil a trabalhar com o fisioterapeuta Eduardo Santos, com o objetivo de encurtar o tempo de recuperação da lesão que contraiu na coxa direita. As baterias do "Baixinho" estão apontadas para a deslocação a Itália e Sérgio Conceição torce por um desfecho positivo, dada a importância de Otávio e o cariz de exigência máxima do encontro.
Já o prazo de recuperação de Evanilson, que se lesionou na receção de dia 4 ao Vizela, abre perspetivas para que esteja apto a defrontar o Inter. Porém, há cautela do lado portista, até porque esta é a terceira paragem do avançado esta época. O contrarrelógio está em marcha.
3 QUESTÕES A PAULO AMADO, Médico especialista em Ortopedia e Medicina Desportiva
"Níveis de stress físico e psicológico crescem"
1 - Até que ponto o Mundial do Catar poderá ter impaco na atual vaga de lesões que se verifica no plantel do FC Porto? Otávio está indisponível, Pepe e Eustáquio também já estiveram...
-O Mundial teve, de facto, algum peso naquilo que é a capacidade atlética dos jogadores e na respetiva índole física. Isto porque interrompeu os campeonatos enquanto estes decorriam a todo o vapor, algo inédito. Isso, de certa forma, implicou que mais uma competição interferisse na progressão de alguns atletas, aqueles que a disputaram. Assim sendo, não é fácil que as equipas médicas e os preparadores físicos giram toda esta evolução dos atletas, o que necessita de algumas atenções especiais.
2 - Quais os desafios de recuperar fisicamente os jogadores perante a pressão de um calendário competitivo cada vez mais denso?
-Do ponto de vista físico, hoje em dia há, na área da ortopedia, os chamados ortobiológicos, fatores de tratamento específicos que podem ajudar a uma recuperação mais rápida e de melhor qualidade. Falamos de tratamentos biológicos que são prática em muitos clubes: não são químicos e funcionam como alternativa a muitas das habituais terapêuticas.
3 - Como se faz a gestão psicológica de um jogador que sofre uma lesão numa altura crucial da temporada e que pode afastá-lo da competição durante semanas?
-A gestão psicológica de um atleta nesta altura será especial e até original. Ultrapassámos a metade de uma competição tão importante como é o campeonato nacional e o atleta tende a ter fatores de stress físico e psicológico acima dos habituais. Daí que haja a necessidade de uma gestão muito cuidada e muito bem estudada a nível individual, ou seja, atleta a atleta. E, claro, com atenção especial. Do ponto de vista psíquico, é fundamental, numa equipa médica, estar disponível para que consigamos ter um bom relacionamento e atitude em termos de seguimento do atleta. Ou seja, disponibilidade e atenção redobrada serão dois dos fatores mais importantes a ter em conta.
As lesões do plantel
Uribe: Microrrotura no adutor esquerdo
Galeno: Microrrotura no adutor esquerdo
Otávio: Lesão muscular na coxa direita
Evanilson: Lesão muscular na coxa esquerda
Fábio Cardoso: Lesão muscular no gémeo esquerdo
Wendell: Entorse no tornozelo direito
Veron: Entrose no tornozelo direito
Meixedo: Rotura do menisco do joelho esquerdo