Daniel Fernandes tem um bar junto ao palco do jogo desta sexta-feira e vê pontos de contacto entre os clubes
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É na comunidade de Saint-Gilles, a sul do rio (Senne) que atravessa Bruxelas, que se concentra a maioria dos portugueses a residir na capital belga. Quem percorre aquelas ruas facilmente descobre restaurantes com cozinha lusitana, que permitem aos emigrantes matar saudades do país que deixaram para trás. Em Anderlecht, do outro lado da cidade que alberga o Parlamento Europeu, são um pouco mais raros. Mas quem circunda o estádio onde o FC Porto joga esta quinta-feira não consegue disfarçar a curiosidade por um café-bar com um nome tipicamente luso. O “Meia-Bar” é propriedade de Daniel Fernandes há 16 anos e ponto de encontro de vários adeptos do clube mais titulado do país.
A residir na Bélgica desde os oito anos, já percorreu a Europa com os “mauves”. Benfiquista assumido, vê portistas atravessarem uma fase que o gigante de Bruxelas já viveu.
“São muito fanáticos, muito leais ao clube, mas nós somos um bocadinho mais ‘quentinhos’ antes, durante e depois do jogo. Aqui é mais durante o jogo. Quando acaba, as coisas voltam ao normal”, descreve a O JOGO o dono, benfiquista assumido, mas que faz jus ao ditado: em Anderlecht, sê do Anderlecht. “É o meu clube desde que vim para a Bélgica. Estou aqui desde os meus oito anos. Nesta altura tenho 42. Morei aqui perto e acabei por entrar no grupo de adeptos que faz deslocações na Bélgica e na Europa”, conta.
A ideia, segundo Daniel Fernandes, nasceu de uma família, porque não se trata de nenhuma claque. “Foi criado por dois irmãos e pela mãe. Têm isso há uns anos e há cerca de dez que o ponto de partida é aqui. Antigamente, havia um café em frente ao estádio, mas fechou porque o dono tinha uma certa idade. Então reúnem-se aqui e vão juntos aos jogos”, aprofunda o proprietário do “Meia-Bar”, revelando que nesta edição da Liga Europa, por exemplo, já foram “a Espanha para o jogo com a Real Sociedad”. “Só não fomos ao último, a Riga”, ressalva Daniel, assegurando que não é o único português a integrar estas excursões. “Há outro maior do que eu, o Carlos, que também tem um restaurante mesmo em frente à entrada principal”, indica, numa alusão ao “Green Park, Chez Carlos”.
O começo de época do Anderlecht não foi, contudo, fácil e ficou marcado por alterações que foram do gabinete ao banco de suplentes. “Passou um bocadinho por aquilo que o FC Porto está a passar agora, com uma mudança de Direção, de diretor desportivo e de treinador. Por agora está no bom caminho”, nota o português, convencido de que os dragões não terão tarefa fácil esta noite. “Como as coisas estão, acho que o FC Porto vai ver-se um bocadinho à rasca, como todos os que vêm cá jogar com o Anderlecht”, perspetiva.