Os problemas defensivos caseiros contribuíram para o atraso pontual dos azuis e brancos na Liga NOS e para o afastamento na Taça de Portugal. Na Champions, porém, o rendimento roça o impecável.
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A permeabilidade defensiva do FC Porto esta época é particularmente grave nos jogos em casa, e das provas nacionais, e está a atingir máximos históricos.
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A média de 1,1 golos sofridos por jogo nestas competições é já a mais alta desde a longínqua época de 1959/60, quando os portistas tiveram quatro treinadores - Ettore Puricelli, Ferdinand Daucik, Otto Vieira e Francisco Reboredo - e resulta de um conjunto de fatores que vão para lá do erro individual.
Coletivamente, a equipa tem concedido mais espaços ao adversário e sentido maior dificuldade para controlar a profundidade em comparação com 2019/20 e, estatisticamente, isso encontra-se refletido no aumento do número de contra-ataques permitidos. Mas o problema, para o qual Sérgio Conceição ainda não conseguiu encontrar uma solução a nível interno - na Liga dos Campeões a conversa tem sido outra -, vai muito para além disso. Os dragões também estão a ganhar menos duelos do que na época anterior, estão a consentir mais remates e, ainda por cima, de uma zona do terreno mais próxima da sua baliza. Não espanta, por isso, que a taxa de disparos que levam a direção do alvo tenha crescido quase seis por cento [ver infografia abaixo].
Portistas perdem mais duelos, sofrem mais ataques e permitem tiros mais perto do alvo. Média de golos sofridos em casa é a pior desde 1959/60
Esta mistura explosiva foi particularmente evidente em dois dos últimos três jogos no Dragão para as competições nacionais. Com exceção do clássico com o Sporting, que terminou 0-0, o FC Porto exibiu a pior faceta defensiva com Boavista e Braga e os cinco golos que encaixou, bem cedo, resultaram num empate (2-2), que o deixou numa posição delicada na luta pela conquista do título na Liga NOS, e numa derrota (3-2), que o fez perder outros dos principais objetivos da época (Taça de Portugal).
Na Liga dos Campeões, porém, os azuis e brancos têm mostrado a outra face: sofreram apenas um golo em casa, na receção à Juventus, mesmo permitindo mais posse de bola (61,8%) e mais ataques aos adversários (33,5). A concentração, a reação à perda e o preenchimento de espaços são uma parte da explicação, a outra prende-se com o facto de ganharem mais duelos (60,4%) em comparação com o que fazem no campeonato e de obrigarem os opositores a tentar o remate um pouco mais afastados do alvo (19,1m).
Recorde caseiro de 50 anos igualado
Há praticamente 50 anos que o FC Porto não sofria por três vezes três ou mais golos em casa. No início de 1971/72, Benfica (1-3), Atlético (1-3) e Académica (2-3) ganharam nas Antas e desde então nunca mais os portistas permitiram que três adversários internos marcassem tanto numa mesma época. Juntando as provas europeias, só em 2018/19, também com Conceição, é que há um registo igual ao atual. E para se perceber melhor a dimensão do problema basta dizer que, desde 1971/72, o FC Porto conseguiu completar 32 épocas sem sofrer mais de dois golos em casa.