FC Porto em busca da meia dúzia de títulos conquistados na casa dos grandes rivais
O FC Porto é o clube que mais vezes foi campeão no estádio de um adversário direto na história do futebol português: três vezes na casa do Sporting e duas na do Benfica; Último festejo em Lisboa surgiu em 2010/11, no estádio benfiquista, onde os portistas tentam fechar as contas desta Liga. Leões foram os que menos comemoraram no reduto dos outros grandes.
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A precisar de apenas um ponto para resolver o maior dilema do campeonato, o FC Porto encontra-se perante a possibilidade de voltar a conquistar o título na casa de um dos dois maiores rivais.
Em 87 edições da competição, ninguém deu tantas vezes esse gostinho extra aos adeptos como os dragões. Até agora foram cinco: três no estádio do Sporting e duas no do Benfica.
Umas vitórias ficaram gravadas na história da competição a letras de ouro, pelo simbolismo ou a importância do sucesso, outras apenas na memória dos adeptos, pelo momento ou as condições em que decorreram as celebrações. Algumas delas bem inusitadas. Já os encarnados só o lograram por duas vezes e os sportinguistas uma.
Do Campo Grande ao das Amoreiras
Foi ainda nos primórdios do campeonato que o FC Porto selou, pela primeira vez, a conquista do título na casa de um dos rivais da capital. Corria a época de 1934/35 quando, a 12 de maio de 1935, os dragões foram ao Campo Grande, reduto do Sporting, empatar 2-2. Com isso, a equipa orientada por Joseph Szabo fechou a então Primeira Liga, na altura apelidada de "experimental" com mais dois pontos do que os leões, que em 1939/40 haveriam de ficar outra vez atrás dos azuis e brancos, depois de estes terem lançado os foguetes novamente no terreno de um adversário histórico.
Dessa vez foi no Campo das Amoreiras, utilizado pelo Benfica, onde os homens de Mihaly Siska, beneficiando de um alargamento da prova para participar na fase decisiva, se apresentaram na derradeira jornada apenas com um ponto de vantagem sobre os sportinguistas. Dois golos de Pinga e um de Kodrnja garantiram que o troféu viajaria com eles de regresso à Invicta. Em 1948/49, porém, seria a vez dos leões celebrarem a conquista da prova no terreno de um rival, no caso, as águias.
Alvalade a abrir e a fechar o Penta
A longa travessia de 19 anos sem conquistar o cetro, que o Benfica arrecadou por duas vezes em casa do vizinho da Segunda Circular, adiou no tempo a confirmação de outro título na visita a um dos rivais lisboetas. Foi já durante a presidência de Pinto da Costa que isso se verificou, na época de 1994/95, no antigo José Alvalade, onde Bobby Robson voltou para se vingar de Sousa Cintra, que o havia despedido um ano e meio antes.
Um penálti apontado por Domingos daria a vitória (1-0) e o campeonato aos azuis e brancos, iniciando aí o percurso até ao inédito Penta, carimbado... no estádio leonino, em 1998/99, mas já com Fernando Santos como treinador. Com 10 mil adeptos portistas nas bancadas, Vítor Baía, Jardel, Drulovic e companhia saíram dos balneários em direção à bancada já como campeões, depois de terem sido informados do empate do Boavista em Faro uns minutos antes do apito inicial.
Para a história ficou uma icónica fotografia dos jogadores que fizeram parte do onze inicial, com os cinco dedos de uma mão levantados, numa alusão aos títulos ganhos, num jogo que acabou empatado (1-1).
Villas-Boas "apagou" a Luz, ligou-se o sistema de rega
A raridade do fenómeno não impediu que os adeptos do FC Porto voltassem a desfrutar dele neste milénio. Depois de em 2009/10 Jesualdo Ferreira ter impedido que o Benfica fizesse a festa do título no Dragão, André Villas-Boas não desperdiçou a hipótese de provocar esse desgosto nos encarnados em 2010/11, a cinco jornadas do fim.
Hulk e Guarín fizeram os golos do triunfo (2-1) na Luz, que acabou às escuras e o sistema de rega do relvado ligado, com a comitiva azul e branca a divertir-se junto dos adeptos, iluminada pelos focos das câmaras de televisão e os disparos dos flashes das máquinas fotográficas.
Volvidos 11 anos, a rivalidade está mais acesa do que nunca e é agora Sérgio Conceição quem tem a chance de voltar a deixar os portistas de sorriso bem rasgado.