Conceição, no FC Porto, e Trincão, no Sporting, ganharam preponderância a partir de janeiro, disputaram uma vaga no Europeu e chegam em alta ao Jamor
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Unidos pelo nome, pela posição no terreno, por um pé esquerdo arrebatador e por um crescimento exponencial após a viragem do ano, Francisco Conceição e Francisco Trincão apresentam-se na final da Taça de Portugal, no Jamor, no domingo, num momento superlativo. Os extremos de FC Porto e Sporting adquiriram uma preponderância tal nas respetivas equipas a partir de janeiro que alimentaram largas discussões sobre quem merecia uma vaga nos convocados de Roberto Martínez para o Europeu deste ano, com o portista a levar a melhor na hora da verdade por ser visto pelo selecionador português como um “espalha brasas”.
Sportinguista sobressai pelos golos e assistências, mas é ofuscado na eficácia de drible e nas recuperações em terreno alheio pelo jogador portista, que bateu recorde de jogos, tiros certeiros e ofertas.
Aliás, essa característica mais aventureira de Conceição, capaz de causar o caos na defesa do adversário num abrir e fechar de olhos, vê-se rapidamente assim que mergulhamos no rendimento de ambos em 2023/24, época em que Trincão até se notabilizou pela regularidade com que marcou e também com que ofereceu aos companheiros a possibilidade de fazer o mesmo. Mas vamos por partes.
De janeiro para cá, Trincão apontou nove golos e fez oito assistências - antes levava um em cada parâmetro. Por sua vez, Conceição festejou por quatro ocasiões e realizou quatro ofertas no mesmo período de tempo
Ao contrário do que aconteceu com Francisco Trincão, que já celebrou a conquista do campeonato, a nível coletivo a temporada ainda não rendeu nada a Francisco Conceição. Pelo prisma individual, porém, não faltam razões para o jogador do FC Porto se sentir orgulhoso do que conseguiu. A começar pela fixação de novos máximos no capítulo de jogos, golos e assistências, embora os números fiquem um pouco aquém dos conseguidos pelo sportinguista. Trincão faturou e assistiu mais do que o portista, mesmo tendo uma média de remates, passes-chave e cruzamentos inferior. De resto, o parâmetro dos golos esperados é cristalino sobre a qualidade das oportunidades de que Conceição gozou e que poderiam terminar com a bola no fundo da baliza contrária - um vírus que, refira-se, também se alastrou a outros companheiros.
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Mas se, mesmo não sendo a melhor da carreira nesse capítulo, esta temporada revelou um Trincão com um faro consistente pela baliza, Conceição reclama atenção em vertentes de criação e a nível defensivo. O portista não só apresenta uma taxa de sucesso no drible superior ao sportinguista, como, pelo estilo de jogo, o bate na quantidade de vezes em que recorre a esta arma para ultrapassar um adversário. E a diferença não é assim tão curta quando à primeira vista se poderá imaginar. Pelo contrário. O “Chico” dos azuis e brancos chega ao último encontro oficial da temporada com mais do dobro dos dribles concluídos em relação ao dos verde e brancos. Além disso, sai beneficiado pela pressão alta que Sérgio Conceição decreta aos jogadores, alcançando mais desarmes em meio-campo alheio do que o homólogo leonino. Por isso, o duelo de domingo promete.