Fasquia elevada no FC Porto alicia Eustáquio: "É tão diferente ao nível da mentalidade"
Pela primeira vez, o médio não tem a titularidade como hábito e o desafio enche-lhe as medidas. Em entrevista à plataforma da liga canadiana de futebol, o jogador de 25 anos do FC Porto explica que cresceu muito num contexto altamente competitivo e "sem espaço para erros".
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Jogar com a maior frequência possível orienta o pensamento de qualquer jogador, mas Stephen Eustáquio prioriza o desafio. Habituado a ser figura de relevo na seleção do Canadá e em todas as equipas por onde passou, o médio foi pouco utilizado nos primeiros seis meses no FC Porto, num cenário que encara com desassombro.
"É tão diferente ao nível da mentalidade. Digo isto à minha família e aos meus amigos: toda a gente está focada. É um pouco como a seleção nacional, não há espaço para erros. Há mais elementos do staff, diretores, mais dinheiro e condições. Isso faz com que seja uma oportunidade magnífica e sinto que tenho crescido todos os dias", vincou o jogador de 25 anos, numa entrevista ao canal da liga canadiana de futebol.
A conversa foi gravada ainda antes de os dragões exercerem a opção de compra, numa demonstração de crença no potencial.
"Os minutos não têm sido muitos, mas não me importo de ser o primeiro canadiano a jogar a alto nível e a vencer troféus, porque, se o fizer, vou desbravar caminho para outros. As coisas nunca são fáceis, mas prefiro trabalhar no duro e tentar ter mais minutos com o FC Porto, do que regressar a um nível médio/baixo e jogar sempre. Posso crescer até um certo nível, mas aqui posso crescer mais", reforçou Eustáquio.
Dos 11 jogos que fez sob o comando de Sérgio Conceição, em seis atuou menos de cinco minutos. "As primeiras semanas foram para tentar perceber como as coisas se passavam. Como são os jogadores, os treinadores e as personalidades. Estudá-los um pouco. A partir desse momento, só queria ajudar, fosse um, dois minutos ou zero", explicou Stephen, valorizando os treinos: "Tinha de ser muito bom, porque os meus colegas também eram. E quanto melhor eu fosse, mais preparados eles estariam para o jogo. Nesta fase fui eu quem puxou por eles, no futuro outros tentarão puxar por mim."
Tudo somado, com a conquista da dobradinha pelo meio, Eustáquio disse estar a "viver um sonho" naquele que "é o melhor clube em Portugal".
Estilo de jogo criou dúvidas
Eustáquio está mais próximo de um médio defensivo ou de um organizador de jogo? Em tempos, nem o próprio sabia. "Quando estava na formação, nenhum treinador sabia dizer que posição era a minha, porque tenho a intensidade e os toques curtos de um número 8 e não tenho medo de ir buscar a bola como um 6. No último terço, sei fazer bons passes como um número 10. Houve momentos em que duvidei se preferia ser 6 ou 8 e crescer numa dessas posições ou se podia ser os dois - prefiro ser ambos", explicou o luso-canadiano, convicto de que isso facilita as abordagens dos treinadores.
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Dias loucos em janeiro tiveram a compreensão do FC Porto
O mês de janeiro "foi uma loucura" para Stephen Eustáquio, entre a transferência para o FC Porto, um teste positivo à covid-19 e a ida à seleção. "Não poder treinar e depois dizer "adeus, tenho de ir jogar com El Salvador", foi difícil. Mas o FC Porto compreendeu", recordou o médio, que chegou ao Dragão após a saída do "adversário mais difícil", Corona: "Era louco, o melhor."
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Pernas são para correr mesmo com sacrifício
Nascido em Ontário, Eustáquio vibra com os jogos pelo Canadá. "Tenho 25 anos e pernas para correr. Se não for agora, quando é que vai ser?", atirou Stephen, sem, no entanto, desvalorizar os sacrifícios inerentes: "Faço uma viagem de 12h30 até São Francisco e depois mais 2h30 até Vancouver. Imaginem com a época a decorrer. Por vezes, não olham para isso e só te exigem que jogues melhor."