Farioli, João Pinheiro e um momento polémico no FC Porto-Famalicão: "Está a ficar insustentável..."

Francesco Farioli
Miguel Pereira
Treinador do FC Porto fez este domingo a antevisão à visita ao terreno do Alverca, agendada para as 18h45 de segunda-feira e a contar para a 15.ª jornada da I Liga
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João Pinheiro esteve no polémico Santa Clara-Sporting será o árbitro amanhã. Tem receio? "Não tem a ver com o desempenho de um árbitro ou um simples caso, porque, honestamente, os erros fazem parte do jogo. Os jogadores falham golos, os treinadores, como eu, fazem as substituições erradas ou têm opções erradas, e os erros dos árbitros também são normais. O problema é outro, mais profundo. Quando temos a ideia que o sistema falha constantemente, é porque tem de ser abordado de forma séria e tem de ser dado o devido valor ao que está a acontecer. Respeitar o nível da competição e a justiça da prova, manter o futebol português como uma das maiores referências. O comunicado do clube foi bastante claro em todos os pontos, muito calmo, mas com a necessidade de abordar isto com cabeça e frio e, também, deixe-me dizer, com a coragem de tomar algumas decisões, porque a situação está a ficar insustentável."
Como viu o momento em que o árbitro assistente cresceu para cima do Bednarek? A equipa tem a frieza certa para lidar com estas situações? E se tivesse sido outro jogador, mais jovem? "Os árbitros, junto à linha e no geral, pedem-me para estar calmo e ajudá-los a dirigir o jogo, mas é uma pena ver tantas interrupções e tantos cartões para os bancos, em toda a liga, não apenas a nós. É porque algo está a ficar fora do controlo e insustentável. Não é possível que se passe mais tempo neste tipo de coisas do que com a bola a rolar no relvado. O VAR era visto como algo realmente positivo, porque a ideia era ajudar os árbitros a corrigir decisões ou situações difíceis, porque os jogos são cada vez mais rápidos e é muito difícil ir a todos os detalhes. Neste momento, a sensação é que o VAR é uma ferramenta que julga o desempenho do árbitro, em vez de ajudar, andamos todos assustados com uma chamada ou o que acontecerá quando o árbitro analisar, porque será julgado por tudo. No futebol em geral, isto tem de ser avaliado de forma diferente tem de voltar às origens, onde o VAR era para ajudar e não para julgar. É muito importante. Espero que, muito em breve, este tópico fique resolvido ao nível em que tem de ser, para o jogo, para os adeptos, para os clubes que investem muito dinheiro e muita paixão para tentar fazer que a competição atinja o melhor nível possível."
Enquanto treinador, tem sido um desafio tirar as questões de arbitragem da cabeça dos jogadores? "Se for para casa e colocar a televisão em qualquer canal, há dois ou três programas que falam maioritariamente sobre arbitragem. Abrimos um jornal e há várias páginas sobre arbitragens, incluindo comentários e análises questionáveis. Páginas e páginas sobre o árbitro. E, às vezes, é difícil. Enquanto estrangeiro, alguém que acabou de chegar, vim com a mente limpa, mas a quantidade de horas, vídeos e palavras que são escritas sobre casos de arbitragens é irreal. E venho de um país como Itália onde isto é um tema quente todos os dias, bem como na Turquia. Mas aqui estamos no nível seguinte. Acho importante mostrar aos responsáveis o desejo que é preciso acalmar as coisas e limpar as coisas. E aí chega a altura de, do nosso lado e do vosso, dar um passo atrás e voltar outra vez a falar do jogo. Portugal é um país que produz talento incrível para toda a Europa, como a Serie A e a Premier League, um país que é uma referência em todo o mundo. A Seleção vai competir para tentar vencer o Mundial... Acho que seria ótimo falar da qualidade dos treinadores portugueses, do campeonato e dos jogadores. Acho que estes deveriam ser os temas prioritários de toda a gente envolvida na indústria do futebol português. O primeiro passo tem de vir dos responsáveis por tudo isso, e nós depois temos a responsabilidade de seguir um novo caminho."

