O treinador chegou ao comando do Leixões há três meses e só perdeu na estreia, pontuando nas 11 jornadas seguintes e tirando o clube da zona perigosa da classificação
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Há sensivelmente três meses como treinador do Leixões, Carlos Fangueiro aceitou com entusiasmo o convite do clube onde iniciou o seu percurso de jogador, depois de 12 temporadas a trabalhar no Luxemburgo. “É o clube do meu coração. Foi aqui que comecei a jogar futebol, foi daqui que fui transferido para o V. Guimarães. Sabia que o Leixões se encontrava numa situação extremamente difícil e achava-me capaz de chegar e retribuir com os conhecimentos que tenho da história e do presente do clube, por isso aceitei com muito gosto”, explicou Fangueiro, matosinhense de gema, a O JOGO.
A estreia ficou marcada por uma derrota diante do líder Santa Clara, mas a partir daí embalou para uma sequência de 11 jornadas sem perder e ganhou alguma distância para os lugares de descida. “Para já, o balanço é extremamente positivo. O Leixões estava no lugar de play-off, tinha cinco pontos de atraso em relação à equipa que estava mais acima e agora reverteu a situação: estamos a cinco pontos do lugar de play-off, que é ocupado pelo Feirense e há 11 jogos sem perder”, salientou o técnico, de 47 anos, que vê agora o grupo com outra mentalidade. “Quando cheguei, o balneário estava cabisbaixo, não havia muito prazer naquilo que se fazia, não havia o apoio dos adeptos, e tudo isso mexe com a parte mental dos jogadores”, realçou, contando que a sua “grande prioridade” passou pela “recuperação emocional” do plantel. “Disse-lhes que deviam sentir prazer no que estavam a fazer. A mensagem passou de imediato também em relação à ideia de jogo e ao modelo tático [de 3x5x2 ou 3x4x3 para 4x4x2 losango]”, recordou sobre o clique: “Começou a haver prazer e a equipa passou a sorrir, o que é fundamental. Esse foi o grande segredo.”
Apesar desta longa série invicta, o Leixões venceu apenas dois jogos e o treinador reconhece que há melhorias a fazer, nomeadamente no processo ofensivo. “Em sete dos nove empates que tivemos, merecíamos ter ganho. Tivemos muito mais tempo de posse de bola, mais remates, mais cruzamentos, mais oportunidades, mas infelizmente falhámos muito na finalização. No último terço não temos estado tão convictos das nossas ações”, analisou. Além dos resultados positivos, Fangueiro destacou também “a maior união entre SAD e clube, assim como o aumento do número de adeptos que apoiam a equipa”. “Quando chegámos, deparei-me com 400 ou 500 pessoas a apoiar-nos e a mensagem foi de responsabilizar os adeptos, fazendo-os perceber que só com eles era possível recuperar o Leixões. Agora temos 2 000 ou 2 500 a ver-nos e a empurrar-nos para boas exibições. Matematicamente, a permanência ainda não foi atingida, mas estamos mais tranquilos”, observou, revelando que “há vontade das duas partes em prolongar a ligação”, mas assinalando que “ainda não é o momento para discutir isso”.