Fábio Vieira em modo operário: esquerdino a crescer nas ações defensivas

A clareza com que as ideias de Martín Anselmi começam a entranhar-se na forma de jogar do FC Porto estão a trazer à tona uma faceta de Fábio Vieira que poucos lhe reconhecem. Recolocado pelo treinador argentino numa zona do terreno onde se notabilizou durante o período de formação, o médio exibiu um forte compromisso defensivo contra o Casa Pia, finalizando o jogo com máximos individuais esta temporada no parâmetro das recuperações e dos duelos defensivos. As nove ocasiões em que reconquistou a bola em 90 minutos, oito das quais no meio-campo ofensivo (outro máximo), permitiram-lhe igualar a marca que já havia estabelecido contra o Arouca, enquanto os nove duelos em que se envolveu – ganhou cinco – representaram um novo recorde em 2024/25. A isto, ainda acrescentou três desarmes, demonstrando uma atitude assinalável na reação à perda.

O empenho de Fábio Vieira no processo defensivo contra o Casa Pia ganha outra relevância quando se compara com o que vinha fazendo ao longo da temporada. O total de recuperações neste jogo foi quase o dobro da média da época (5,3), tal como o de duelos defensivos (4,81) e de duelos ganhos (2,9). O crescimento do esquerdino, contudo, é ainda mais evidente no parâmetro das recuperações na metade do campo defendida pelo adversário (3,1) e nos desarmes (0,5).

Numa comparação com os companheiros de equipa, o desempenho de Fábio Vieira não deixa de impressionar. Na soma das recuperações, o médio só ficou atrás de Eustáquio (dez), mas supera todos por uma larga margem quando nos cingimos às bolas que reconquistou meio-campo do Casa Pia. O dragão mais próximo foi Moura (três). “Tenho-me sentido bem, o míster dá-nos liberdade para explorar os espaços e estamos a fazê-lo cada vez melhor, com ideias de jogo mais aclaradas. Pouco a pouco as coisas vão saindo”, afirmou, no final de um encontro em que ao modo operário se sobrepôs ao criativo.