Fábio Pereira: "Estou convencido de que este Vizela conseguiria ficar na I Liga"
Fábio Pereira é o treinador do momento na II Liga. Iniciou a época no Marítimo, mas entretanto mudou-se para os minhotos. Madeirense mantém-se invicto desde que chegou ao leme - 30 pontos em 12 jogos - e o Vizela disparou na tabela. O técnico, de 46 anos, louva a excelente recuperação, mas salienta a concorrência feroz
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Com a chegada de Fábio Pereira a Vizela, a equipa saltou do 14.º para o 3.º lugar, estando agora a quatro pontos do líder Tondela, e retificou um percurso que estava a ser desolador. O técnico vê qualidade e talento para voltar à I Liga.
O que o levou a aceitar o convite do Vizela?
- Das propostas que recebi, o projeto do Vizela foi o mais aliciante. Foi o que me apresentou as melhores condições para poder desenvolver as minhas ideias sobre o futebol e o jogo, tendo em conta as ambições do clube e a qualidade individual do plantel.
Já conhecia o plantel?
- Sim, já os tinha visto jogar várias vezes, pois comecei a época noutro projeto da II Liga [Marítimo]. Estando a trabalhar no mesmo campeonato, é óbvio que o conhecimento que adquirimos sobre todas as equipas é grande. E o Vizela sempre teve um plantel com boas soluções, é uma das equipas com maior capacidade para jogar bom futebol e ter predominância no campeonato.
Como é que encontrou o grupo em termos anímicos e o que sentiu necessidade de mudar?
- O grupo estava triste por não ser capaz de dar uma boa resposta às ambições das pessoas de Vizela e da SAD. Passei-lhes confiança e implementei uma ideia e uma forma de jogar com a qual os jogadores se sentiram agradados. As vitórias acabaram por trazer uma energia positiva e uma crença diferente no balneário. Foi importante eles perceberem a qualidade que têm e que eram capazes de fazer melhor. Conseguimos uma vitória na minha estreia e, a partir daí, as coisas foram fluindo de forma positiva.
Quando assinou contrato estava à espera deste sucesso?
- Estava, porque acreditava muito na qualidade destes jogadores e também pelas condições que o clube oferece para trabalhar. Tinha uma grande expectativa quando aceitei o convite e as coisas têm correspondido ao que ambicionava na altura.
Nas últimas 12 jornadas, o Vizela somou 30 pontos e saltou do 14.º para o 3.º lugar. Considera que é um dos grandes candidatos à subida?
- Fizemos uma excelente recuperação, é verdade, mas há um grupo de seis ou sete equipas em que qualquer uma pode subir. A II Liga é muito competitiva, toda a gente pode roubar pontos, mas vamos ter uma palavra a dizer até ao final. Estamos numa boa posição e o que está para trás não conta. O que conta é o que podemos fazer a partir do próximo fim de semana, sendo uma equipa capaz de refletir as aspirações do clube e dos adeptos, que não vai perder a sua identidade, tentando jogar bem e ganhar os jogos.
Tendo em conta os elogios que faz ao grupo, considera que este plantel teria capacidade para garantir a permanência na I Liga?
- Estou convencido que sim, que conseguiria ficar na I Liga.
Paragem foi benéfica para recuperar jogadores em défice
Em fases boas diz-se habitualmente que as paragens dos campeonatos para compromissos das seleções são prejudiciais. Mas, neste contexto específico, Fábio Pereira é uma voz dissonante. “Considero a paragem positiva, porque deu para alguns jogadores que estavam em défice físico recuperarem índices. O jogo particular que fizemos [com o Braga B] serviu para dar minutos aos jogadores menos utilizados. Deixar toda a gente no mesmo patamar foi importante para podermos encarar os oito jogos que faltam com otimismo e confiança”.
Adeptos exigem bom futebol
Treinador gosta da paixão das gentes minhotas e lida bem com a pressão que chega das bancadas. Não traça metas além do Vizela.
Eleito o treinador do mês de fevereiro na II Liga, Fábio Pereira ainda não se debruçou sobre o passo seguinte na carreira e deixa claro que o mais importante agora “passa por preparar bem o jogo com o Portimonense, por fazer tudo para tentar ganhar este e os outros sete jogos”, considerando-se “muito realista, confiante e consciente”. “Acredito muito no meu trabalho. Chegar a este patamar neste momento deixa-me satisfeito. Gosto de viver feliz no dia-a-dia e de estar em clubes que gostem do meu trabalho, por isso não faço futurologia. O presente é o Vizela”, expôs. Há três meses no Minho, o treinador fala dos adeptos como “pessoas muito calorosas, que vivem com intensidade o dia-a-dia do clube, que gostam de humildade e de um futebol ofensivo”, garantindo que a equipa “tenta dar-lhes o melhor para os deixar felizes”.
Feliz com chamadas às seleções
Diogo Nascimento, Vivaldo, Yannick Semedo, Jojó, Morschel (pediu dispensa) e José Sampaio foram chamados às respetivas seleções, o que deixa Fábio Pereira satisfeito. “Significa que estamos a fazer bem o nosso trabalho, é reflexo do que temos feito nos últimos meses. A estreia do Diogo Nascimento e o golo de Yanick [Semedo] na vitória de Cabo Verde contra as Ilhas Maurícias foram importantes”, destacou, considerando que o médio dos sub-21 portugueses “foi o melhor jogador em campo” frente à Roménia. “Mas sou suspeito”, atirou com humor.