O técnico que em 2021/22 comandará o Moreirense vê no reforço dos dragões "um pouco de Rúben Dias na forma de liderar e disputar os duelos". A chegada a um grande, afirma, "peca por tardia"
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A transferência de Fábio Cardoso para o FC Porto deverá ficar formalmente concluída hoje, com a assinatura de um contrato que, como O JOGO noticiou ontem, se estenderá até 2026. É este o detalhe que falta para que a mudança receba o carimbo oficial, embora o central já tenha dado o "sim" aos portistas e esteja mentalizado para o que vai enfrentar no Dragão, a começar por alguns adeptos, que têm utilizado as redes sociais para expressarem o seu ceticismo.
Ex-treinador do central destaca-lhe a personalidade e garante que o espírito guerreiro conquistará os portistas mais céticos
Mas João Henriques, que o orientou no Santa Clara, está plenamente convencido de que o jogador de 27 anos "vai inverter rapidamente" algumas ideias "pela sua forma de estar". "O Fábio é claramente um jogador à imagem do Sérgio Conceição e do FC Porto", refere o agora treinador do Moreirense ao nosso jornal. "É um jogador guerreiro, muito forte psicologicamente, competitivo e que quer ganhar sempre, independentemente da camisola que veste", afiança.
A "personalidade e a capacidade de liderança" são, de resto, as duas principais características que João Henriques destaca em Fábio Cardoso, um jogador que, para o treinador, "encara cada treino como um jogo". "É muito transparente no campo: abnegado, muito sério, forte nos duelos individuais e extraordinário no jogo aéreo defensivo e ofensivo", enumera Henriques, sustentando a opinião com dados concretos.
"Comigo foi um central goleador. Fez muitos golos na primeira época", lembrou, numa alusão aos seis que Cardoso apontou em 2018/19 e que fizeram dele o quarto melhor marcador dos açorianos nessa temporada. Aliás, o técnico de 48 anos considera que as exibições que realizou justificavam o salto logo nessa altura. "A passagem para outro patamar peca por tardia. Com outro tipo de oportunidades, teria feito o seu crescimento mais rápido, porque demonstrou que era um dos bons centrais do campeonato", opina o técnico, que o compara "um pouco a Rúben Dias na forma de liderar, de disputar os duelos e de querer ganhar sempre".
Por isso, Henriques considera que os adeptos do FC Porto acabarão por apagar da memória algumas das incidências do passado, como o lance em que Romário Baró acabou lesionado, num encontro da Taça da Liga, em 2019/20. "Foi uma situação normal, agigantada pelo mediatismo de ser um jogo contra o FC Porto. Mas recordo que antes tinha levado uma cotovelada do Uribe, que fez com que jogasse com a cabeça ligada", refere o treinador.
"Essa é uma das características dele: mete a cabeça onde poucos metem o pé. É o reflexo de ser muito competitivo", explica, desvalorizando ainda o facto de Cardoso ter sido formado no Benfica.
"Até posso dizer que o Fábio, quando vencemos no Estádio da Luz, não foi de todo um jogador que parecia que tinha passado pelo Benfica. Ele festejou como qualquer jogador festeja após uma vitória daquelas. Foi acusado de ter feito de propósito e de ter escorregado num jogo, mas ele ficou muito chateado, por ser um ótimo profissional. Vai inverter a imagem que um ou outro possa ter dele", rematou.