Ex-FC Porto dá dicas ao Benfica sobre como bater o Ajax: "É preciso atacar e assustar o adversário"
Antigo central do FC Porto Martins Indi explica como o seu AZ Alkmaar conseguiu vencer na Johan Cruyff Arena. O defesa aconselha os encarnados a delinearem uma estratégia, confiarem nela e terem paciência. Apostarem nas bolas para as costas da defesa, mas irem também alternando com jogo curto.
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Depois do empate a duas bolas na Luz, o Benfica tem que vencer amanhã em Amesterdão para seguir em frente na Liga dos Campeões. Uma façanha que foi conseguida pela última vez pelo AZ Alkmaar, a 12 de dezembro.
Bruno Martins Indi, antigo central do FC Porto, jogou a titular pelos de Alkmaar nesse encontro e, a O JOGO, explica o que as águias têm que fazer para festejar.
Viu o jogo entre Ajax e Benfica na primeira mão?
-Sim, vi. O Ajax entrou bem e fez um golo cedo. Mas o Benfica teve boas transições na segunda parte, criou perigo e também marcou. Em Amesterdão penso que o jogo poderá ser diferente.
Diferente em que aspeto?
-Porque o Ajax joga em casa e tem os adeptos do seu lado. O Benfica vai ter que defender bem e, se o conseguir fazer, terá também boas oportunidades para sair em transição e criar perigo. O Ajax é uma equipa muito bem organizada. Quando eles estão a atacar, sabem que, mesmo que percam a bola, têm boas probabilidades de a recuperar logo em seguida.
Então o que pode fazer o Benfica?
-Creio que o Benfica, se conseguir passar a primeira linha de pressão e, depois, a segunda linha de pressão, então pode ter muito espaço nas costas da defesa do Ajax.
lgo que ocorreu na Luz...
-Sim, sem dúvida. O Benfica é uma equipa muito rápida nas transições e conseguiu chegar muitas vezes à frente.
E a que armas recorreu o AZ para bater o Ajax?
-Importante foi termos conseguido manter a nossa identidade. Tentamos nunca a perder. E a nossa identidade é ter bola e jogar ofensivamente. Mas do outro lado estava uma equipa pressionante e nós tínhamos que contornar essa pressão. Talvez o mais importante tenha sido a avaliação de risco entre o jogo curto e o jogo longo.
Como assim?
-Eles têm uma primeira linha de pressão, mas é na segunda, na terceira ou até na quarta linha de pressão que recuperam a bola. E por vezes recuperam-na em zonas onde podem criar logo ocasiões de golo. É importante saber quando recorrer ao jogo curto ou ao jogo longo. Nós optámos mais pelo jogo longo, com bolas para as costas deles, mas o segredo é ir alternando também com jogo curto. Se o Benfica vai apenas defender, então vai sofrer. É preciso atacar e assustar o adversário. Mas eles estão tão bem organizados que é difícil sair dessa pressão sempre em jogo curto. E muitas vezes conseguem levar o adversário a fazer o tipo de jogo que eles querem. Tens que passar linhas. É preciso identificar uma estratégia, ter paciência e confiar nela.
O Haller é o ponta de lança. O que se pode fazer para o anular?
-É preciso ganhar os duelos, as disputas individuais com ele e ter a ajuda dos companheiros, claro. Muitas vezes, quando o Ajax não consegue sair a jogar, optam por meter a bola diretamente nele, porque é alto e forte. Mas muito importante é o Tadic, com qualidade técnica e forte mentalmente.
E Antony?
-No um contra um é muito difícil pará-lo. Às vezes é preciso ter dois jogadores para o parar.
Qual o jogador mais forte do Ajax, na sua opinião?
-O pivô, Edson Álvarez. É muito importante para o estilo de jogo do Ajax.
E no Benfica, houve algum jogador que o tenha impressionado?
-Sim, o avançado, de cabelo comprido, nem sei o nome dele. É do Uruguai [Darwin]. Mas também os centrais, Vertonghen e Otamendi, jogam bem. O Benfica também tem uma equipa muito boa.
Quem é o favorito a passar?
-É 50/50. É difícil ganhar lá, mas não é impossível. Creio que vai ser equilibrado e um bom jogo para se ver.