Eusébio esteve a um passo do Inter: "Estava feito, tinha ido a Milão procurar casa"
Carla Ferreira, de 55 anos, concedeu uma entrevista à La Gazzetta Dello Sport, na qual aborda as ligações do seu pai, Eusébio, ao Inter de Milão
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Sobre o legado de Eusébio: "O meu pai não é apenas a estátua em frente ao estádio em Lisboa que acolhe adeptos e turistas, ele não é apenas o nome de uma rua em muitas cidades de Portugal. Ele é uma luz para aqueles que amam futebol, um ponto de referência para todos os benfiquistas. Especialmente em noites como estas".
Memórias familiares do Inter-Benfica: "O Inter-Benfica é um jogo especial, é história do futebol e história da família. Infelizmente, a nossa equipa encontra-se numa situação difícil e imprevista, mas dará tudo para tentar eliminar os nerazzurri e conseguir a qualificação. Apesar dos 0-2 na Luz, certamente não considero o Benfica já eliminado: ninguém ganha antes do jogo, mesmo que não estejamos no nosso melhor momento de forma. Pelo contrário, os rapazes podem sempre ser ajudados pelo passado deste clube lendário..."
Por exemplo? "Quando ganharam a Taça dos Campeões em 1962, o Benfica perdeu a primeira mão por 3-1 para o Nuremberga, depois deu a volta com dois do meu pai e terminou 6-0! Para jogos como estes, Eusébio é ainda uma das figuras mais icónicas e amadas dos 100 anos de história do clube. Ele e os seus companheiros de equipa e a sua geração deram uma dimensão universal ao Benfica, transformando-o em algo mágico, mítico a nível planetário. O seu legado permanece e permanecerá, também porque ele sempre conseguiu reunir o afecto do povo. Não é por acaso que estamos a falar do clube português mais popular, com 10 milhões de adeptos nos cinco continentes. E ontem como hoje aplica-se sempre a mesma coisa: falar do Benfica significa falar de Eusébio e falar de Eusébio significa falar do Benfica. Eu diria que eles são sinónimos..."
A final perdida em 1965 contra o Inter em San Siro: "Sim, essa derrota foi uma tremenda desilusão: ele próprio me falou muitas vezes sobre o lamaçal no Meazza, sobre a tristeza do guarda-redes Costa Pereira sair com uma lesão, sobre Germano ser colocado na baliza porque não foi possível fazer alterações. Ele reconheceu a grandeza do seu rival, mas sempre pensou que 11 contra 11 ele e os seus companheiros de equipa conseguiriam".
Mas será verdade que, nesse mesmo Verão há quase 60 anos, Eusebio já era praticamente um nerazzurri? "Ele próprio o disse. Ele tinha vindo a Milão à procura de uma casa, o acordo com o presidente Moratti estava feito, mas depois o encerramento das fronteiras italianas fez abortar tudo. O pai estava também próximo da Juve e de outros grandes europeus na sua carreira. Gostaria de ter crescido num belo país como a Itália, mas devo admitir que fui muito, muito feliz aqui em Portugal. Claro que agora estaria ainda mais feliz se este Inter-Benfica terminasse de forma diferente do que no passado. Se a 'remontada' na Liga dos Campeões se concretizasse, talvez em nome de Eusébio..."
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