Salin, atual guardião do Rennes, recorda a O JOGO o momento em que cedeu a baliza do Sporting ao atual camisola 1, precisamente em Portimão em outubro do ano passado, elogiando o brasileiro.
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Renan foi herói no duelo com o Braga, defendeu bolas quase impossíveis, e no domingo regressa a Portimão, local onde se estreou com o leão ao peito e agarrou a titularidade, aproveitando, então, o infortúnio de Salin em cima do intervalo.
O francês de 35 anos sempre soube que ia "perder o lugar", tentou adiar sem sucesso a troca, apesar da "baliza ficar em boas mãos". Agora, lança o desafio ao ex-colega: "Que mostre o seu estatuto!"
A O JOGO, o agora guardião do Rennes, recusando considerações mais aprofundadas sobre o Sporting, recordou o dia 7 de outubro de 2018 e o que se seguiu após o embate com a cabeça no poste do seu lado direito. Então, Salin já sabia que a perda da titularidade era uma "questão de tempo" e em Renan via o que vê atualmente, "um guarda-redes potente" que nesta fase da carreira, dono das redes verdes e brancas, "tem de liderar e assumir-se como uma voz de comando da defesa", mesmo tendo os experientes Mathieu, Coates ou Neto pela frente.
"Tem de ser mais direto a falar com os colegas, no fundo é ele o patrão da defesa"
Salin explica-se e analisa o que de melhor tem o brasileiro de 29 anos. "Quando assumi a titularidade sabia que não era a escolha para o lugar. Sempre soube. Tentei apenas fazer o meu trabalho, sabia que o Renan ia ficar com o lugar. Esperava apenas que fosse o mais tarde possível. O Renan é muito bom guarda-redes, tem boas mãos e uma potência importante para um guarda-redes, rápido, reflexos e joga bem com os pés. Agora, sabemos que é difícil jogar no Sporting, há mais pressão do que em outros clubes. É um clube muito grande", começou por anotar.
Renan tem nesta fase, advoga o experiente Salin, já calejado pelos seus 35 anos, a oportunidade de consolidar-se num posto em que o legado recente "é pesado". "Renan é a opção, a escolha do técnico, do clube. Tem um excelente espírito, é um bom colega, agora este é um ano de afirmação. Tem de mostrar estatuto, tem de ser mais forte, no fundo que é ele o patrão da defesa. Tem de ser mais direto a falar com os colegas. Sempre senti que a baliza ficava em boas mãos com ele", frisou, acrescentando, relembrando a pressão que os guarda-redes do elenco de 2018/19 sentiam nas suas costas: "Tivemos o Viviano, que era para jogar, mas aconteceu o que se sabe. Depois ninguém sabia quem iria ficar na baliza. Salin? Renan? Isso permitiu que o grupo de guarda-redes, incluindo o Max [Luís Maximiano], se unisse, pois não foi uma época fácil. Antes de nós estava o Rui Patrício, toda a gente sabe do seu valor e da história no Sporting. Depois ainda estávamos sempre a ouvir que nós não éramos as primeiras escolhas do treinador, da direção..."
"Não foi fácil, antes estava o Rui Patrício... Ouvimos que não éramos as primeiras escolhas"
A crítica foi por vezes feroz, sublinha o francês, que, porém, deixa elogios ao trabalho feito por todos. "Fomos solidários e não escorregámos na baliza. Os guarda-redes estiveram todos muito bem, com um grande espírito e dedicação. Fizemos uma grande temporada", concluiu após duas épocas no Sporting.
"Max merece oportunidade, é o futuro do futebol português"
Aos 20 anos, Luís Maximiano é a sombra de Renan e Salin aponta-lhe qualidade para "ser o futuro do futebol português nos próximos dez anos". "É sempre difícil olhar para um jovem guarda-redes. Mas tem um grande potencial, sem dúvida, é humilde e trabalha muito bem. Claro que precisa de uma oportunidade para jogar e, sendo ele o número dois, isso pode acontecer a qualquer momento", aponta, frisando: "Tem capacidade para fechar a baliza, quando jogar é preciso mostrar valor. Certamente que o conseguirá fazer."
Só dá para fazer entre 15 a 20 jogos
O ingresso de Salin no Rennes, atual detentor da Taça de França, surgiu como uma oportunidade de ouro para Salin, que, admite, já não tem capacidade para fazer uma temporada inteira como titular. "Tenho 35 anos e quero ajudar, sei que não consigo fazer uma época inteira como titular. Fazer 50 jogos nesta fase da carreira é complicado. Consigo assegurar 15 a 20 jogos como titular e com qualidade, pois a recuperação física com dois jogos por semana é muito complicada", defendeu, mostrando-se entusiasmado, a respeito da possibilidade de encontrar o Sporting na Liga Europa. "Não será fácil para o Sporting jogar contra o Rennes, especialmente no nosso campo. Temos boa equipa. Mas desejo toda a sorte do mundo para o Sporting, para os seus jogos, sou um adepto do clube e continuo a seguir o seu dia a dia", afiançou.
KO de Mendy deu-lhe vaga contra o PSG
Edouard Mendy foi o guardião contratado pelo Rennes para substituir Koubek - internacional checo que foi negociado pelo FC Porto -, mas uma lesão tirou-o dos jogos com o Montpellier e PSG, onde Salin brilhou, contribuindo decisivamente para dois triunfos. "Não está previsto que seja titular. Serei o número dois, como fui no Sporting. Estou com o mesmo espírito e missão que tive anteriormente. Só quero trabalhar e ajudar o Rennes. Sei que posso ajudar taticamente e tecnicamente os meus colegas. Mendy já estava quase bom com o PSG...", rematou.
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