Declarações do treinador do FC Porto, na conferência de imprensa de antevisão ao encontro com o Portimonense, marcado para este domingo (20h30) e referente à 26ª jornada da Liga Bwin
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Duas semanas de trabalho: "Dentro do que foi a presença dos jogadores no nosso trabalho diário, porque não podemos esquecer que tivemos alguns nas seleções e alguns casos que estão a cargo do departamento médico, o grupo trabalhou da mesma forma, sempre dedicada e determinada, para conseguir no próximo jogo, que será contra o Portimonense, o nosso objetivo, que são os três pontos".
Explicações sobre as declarações que proferiu e o alegado desagrado com as palavras de Pinto da Costa: "Por onde quer que comece? Aproveito para dizer que estava com algumas saudades de estar à vossa frente. Não é com qualquer tipo de hipocrisia que estou a dizer isto. Estou a dizê-lo com verdade. Cada conferência de Imprensa, para mim, é importante para falar, não só, do que é importante do futebol e de futebol. Eu gosto mais de falar de futebol e da equipa adversária com que vamos jogar. Vocês, como jornalistas, têm também reuniões, se não bidiárias, muitas vezes ao longo da semana, com os vossos editores. Nós, como treinadores, também mal seria se não tivéssemos reuniões diárias ou, pelo menos, conversas com o nosso presidente, dependendo do momento e dos problemas que vão surgindo, porque são muitos ao longo da época. Por aí, acho absolutamente normal. O que levantou isto tudo foi uma declaração minha no final do jogo com o Inter, onde tive afirmações factuais. Disse simplesmente que tinham de dar valor à equipa e estava a falar da Imprensa, as pessoas, simpatizantes, amantes do FC Porto, de pessoas de fora do FC Porto, porque somos detentores dos últimos quatro títulos nacionais e, ao longo destes anos, tínhamos convivido com a dificuldade de segurar os melhores jogadores. Mas não é só o FC Porto, é o futebol português. Por serem os melhores é que são vendidos para ligas muito mais poderosas a nível financeiro do que a nossa. Nisto vai entroncar na minha afirmação de que 30 % é da formação. E com isto não estou a desvalorizar ninguém, pelo contrário. Podemos ver que o Vitinha e o Fábio Vieira foram vendidos, o João Félix também era da formação e foi vendido - não falando também só nos nossos. O Gonçalo Ramos e o Diogo Costa, muito provavelmente num futuro próximo, também serão grandes vendas para os clubes. Por isso, não falei da formação num sentido pejorativo. Do mercado nacional, de onde saíram jogadores extremamente interessantes, como tenho também, como o Taremi, o Toni Martínez, o Eustáquio, o Zaidu, o Fábio Cardoso... É o mercado possível. Olho para o Sporting e também tem um Pote e um Nuno Santos, que também dão cartas no nosso campeonato. Acho que não disse nada de mal. E a nível internacional temos menos. Acho que, entre mercado nacional, formação e internacional, o Sporting tem 33% em cada uma. Nós estamos um bocadinho mais baixos a nível internacional e o Benfica tem, creio de 52%, no mercado internacional. Mas isso é um facto. Não disse nada de extraordinário. Depois, podem pegar nas minhas declarações e dizer que isto é um recado, porque convém a alguma Imprensa criar algum atrito entre o Sérgio Conceição, treinador do FC Porto, e a administração. É isso. Pegaram por onde quiseram. Ainda há pouco vinha a recordar que quando Lito Vidigal era treinador do Marítimo, tive a particularidade de dizer que ele não necessitava de [jogar no Dragão com] outras formas que não fosse pela organização defensiva e tudo o que era como treinador, ao invés de queimar tempo e que o tempo útil de jogo fosse baixo, através de situações que não queríamos, como a entrada do médico, o guarda-redes atirar-se para o chão e aquelas coisas todas. Entretanto disse que eles até podiam fazer isso, embora não acredite que façam, porque o Lito Vidigal tem outras armas que pode utilizar numa equipa para quem, queiramos ou não, pontuar no Dragão é sempre bom. Mas se [o árbitro] tiver de dar dez minutos de tempo extra, pode dar. O árbitro tem é que ver quanto tempo foi queimado para poder dar essa compensação no final. E não é que nesse jogo com o Marítimo houve dez minutos de compensação? E o que é que aconteceu depois? Abriram-me um processo, porque foram pegar nas minhas palavras dizendo que tentou, de certa forma, pressionar o árbitro. Eu? Então se tivesse dito 12... Eu sabia lá que o árbitro ia fazer, a forma como o jogo decorria ou que ele ia dar dez minutos? Isto é a mesma coisa. Fiz algumas afirmações no final do jogo... E outra coisa que é importante referir: se tiver que falar com alguém, falo diretamente. Eu não mando recados. Falo diretamente com as pessoas e digo tudo o que tenho a dizer na cara. Se acho que tenho de dizer em público, digo. Se acho que tenho de dizer pessoalmente, digo."
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Interpretação das notícias de que pode sair: "Vai ao encontro do que presumo que seja do tempo que estou aqui, do incómodo de estar aqui e de ser o treinador do FC Porto, que nunca é fácil. Há muita gente que gostaria de estar no meu lugar. Também pelo que temos ganho... Dou só um exemplo: esta semana, jogo com o Portimonense. Façam uma pesquisa do que foi mais falado deste jogo. Foi do jogo do ano passado, dos cartões amarelos, que o Paulo Sérgio teve de poupar não sei quantos jogadores e que foi goleado por 7-0. Tem de perguntar a quem escreve isso e a quem comenta nas televisões... Atenção. Não estou a dizer que os culpados são os comentadores e os jornais. A Imprensa mete cá para fora alguns... Não falaram da capacidade e da qualidade dos jogadores do FC Porto, do excelente trabalho que o Paulo Sérgio tem feito no Portimonense nestes anos, num contexto nem sempre fácil, com muitas entradas e saídas de jogadores... Ou estou muito pouco atento, ou não vi nada disso. Passam-me todos os dias o que acham ser necessário da Imprensa - algumas coisas até fico meio chateado, porque acham que me podem perturbar e não me passam, mas sou curioso e quero ver. Mas sou curioso e gosto de ler algumas opiniões e perceber o que dizem sobre nós e a nossa exibição, sabendo que, muitas vezes, essas opiniões são um bocadinho... pronto. Não faço a mínima ideia porque vêm cá para fora estas coisas. Se calhar é o incómodo que nós criámos, eu e o presidente do FC Porto, nessa força que temos e ganhamos tantas vezes como temos ganho. Não tantas como nós queríamos, porque queríamos ganhar sempre e em todos os anos. Até agora conseguimos dois títulos importantes, com certeza não os mais importantes, porque o objetivo principal é o campeonato, mas ainda estamos matematicamente na luta. E vamos dar luta! Depois ainda temos a Taça de Portugal. Entendo, é interessante, mas não tem de ser colocada.
Conversa com o grupo sobre o tema: "Não, nada. Zero. Eles já estão habituados também. As nossas notícias são essas: lesionados, quem é que sai e para onde é que sai. Ainda não ouvi dizer que o Taremi está a quatro golos de atingir a marca do ano passado. Se calhar vi aqui numa ou outro entrelinha de um ou outro jornal, mas é isto. E já estou a falar demais de tudo aquilo que não é verdadeiramente importante, que é o jogo com o Portimonense, o Paulo Sérgio e os jogadores do Portimonense, que, com certeza, vão fazer tudo para ganhar pontos e fazerem um bom jogo. Teremos de estar atentos a algumas situações em relação à dinâmica da equipa. Isso é demonstrar, não só humildade, mas respeito pelo adversário, que muitas vezes não tem por nós".
Injustiçado ou perseguido: "Não. Mal será quando achar que a maior parte das pessoas diz bem. Alguma coisa está mal. Ou estou para ir embora ou fora do país... Não sei. Desconfio. A critica é absolutamente normal. As pessoas que comentam o futebol têm de comentar e sabemos que uns estão direcionados para um lado e outros para outros. Mas isso faz parte. O FC Porto também tem os seus comentadores. Não é por aí. Os jornais também têm as páginas do FC Porto, dos outros clubes... Falo do que me diz respeito e das noticias que vêm cá para fora. Também compreendo que sendo um clube grande, o maior em Portugal, se fale e, depois, da forma como se fala. Também percebemos porquê, mas acho que isso não é importante para o jogo de amanhã".
Sair antes do tempo ou renovar: "O meu cenário principal e único neste momento é o jogo de amanhã. É a resposta politicamente correta, mas é essa. Não sabemos o que vai acontecer. Vamos, sim, como disse no final do jogo com o Braga, que também criou alguma polémica, remar todos no mesmo sentido - todos os que amam o FC Porto - e no final que se façam as contas. Depois planeie-se, hajam conversas construtivas, mesmo que não sejam agradáveis. Muitas vezes não sou agradável nas minhas conversas e não tenho que o ser. Tenho de dizer a verdade, aquilo que acho, o que penso ser melhor para o FC Porto e, depois, decidir. Mas até lá há muitos títulos para ganhar, muitos jogos a fazer, há coisa mais coisas importantes para pensar".
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Balanço da época ganhando as taças e perdendo o campeonato: "Para o FC Porto é uma época razoável. O principal objetivo é o campeonato. Tínhamos todas as possibilidades de estar hoje nos quartos de final [da Liga dos Campeões], porque fomos melhores do que o Inter na exibição, mas não no resultado, mas não estamos. É verdade que estivemos duas vezes e em ambas perdemos contra os campeões da Europa, que foi o Chelsea e o Liverpool, tivemos outra nos oitavos de final e nunca foi motivo de festa para nós. Olha que o fui dizer. Ainda pensam que é alguma indireta que estou a mandar, mas não estou. Se querem que diga, o Benfica está de parabéns pelo trajeto que tem feito na Liga dos Campeões e no campeonato. O que estou a dizer é que não é motivo de festa para nós. Queremos chegar o mais à frente possível, estar nas finais das taças e ganhá-las, no campeonato sermos campeões, se possível um bocadinho antes do último dia, para aliviar essa tensão. É para isso que nós trabalhamos. Umas vezes consegue-se, outras não. Os motivos? No final da época teremos tempo para ver o que correu bem e o que não correu tão bem".
Lesões e jogadores em risco de castigo: "Não, não... Nem se faz isso, caso contrário, nem uma coisa, nem outra. Se dissesse: "jogas, mas jogas com controlo emocional..." O jogo é feito de paixão, é feito de intensidade, de velocidade, de momentos em que se mete o pé e não se pensa. Também fui jogador alguns anos e sei o que estou a dizer. É impossível. Se pensasse dessa forma, era melhor dizer ao jogador: "Meu amigo, não vais jogar amanhã para jogar na sexta-feira". Mas não faço isso, porque quem joga no lugar dele joga melhor e depois na sexta-feira está lá outra vez a jogar, enquanto ele perde uma oportunidade boa de estar calado, não dizer nada e dar tudo. Depois, se tiver que levar amarelo, leva amarelo. Mas temos de pensar numa coisa, que é importante. As nossas I e II Ligas são das ligas com mais cartões. Houve um estudo recente sobre isso. E com isto não estou a alertar para nada. O jogo é assim mesmo. Já tenho alguns problemas a nível físico de alguns jogadores, se ainda vou pensar em tirar mais um ou outro, tenho de ir buscar meia equipa B. Também são profissionais do clube, também estão disponíveis e, amanhã, se calhar estarão alguns na folha de 20, mas é a nossa realidade. Amanhã, foco total no jogo. O Pepe, que também está à bica, não pode estar, e não é para poupá-lo, porque fisicamente não está bem. O Diogo [Costa], o Evanilson e o João Mário também está fora. Há vários problemas nesse sentido. Estão disponíveis os que estão disponíveis, vão estar a mil por cento e no final do jogo não vão ouvir-me dizer que não ganhámos ou não tivemos um discurso positivo por ter faltado este ou aquele. Se não, o meu discurso era diferente dentro do balneário e não sou assim".
Uribe e Eustáquio aptos: "Sim. Tivemos em permanente comunicação com as diferentes seleções, fomos acompanhando o trabalho diário deles, os jogos também, temos os dados de todos os jogos que fizeram e estão disponíveis".
Razões de dois jogos a zero: "Faltou essa eficácia, essa capacidade nos momentos em que tivemos essas oportunidades. Estou a lembrar-me de algumas delas, tanto em Braga, como com o Inter, no Dragão, em que, pela quantidade de oportunidades, não merecíamos ter terminado o jogo com zero golos marcados. É verdade que também não sofremos, mas custou-nos uma eliminatória e, em Braga, mais dois pontos importantes para a nossa caminhada para o nosso principal objetivo. Não podemos escamotear que ficou mais difícil, mas, como disse, estamos aqui para ir à luta até ao final".
Fábio Cardoso e David Carmo: "Qualquer um deles me dá garantias. Quando houve a tal discussão entre o Fábio Cardoso e o David Carmo, os dois dão-me garantias a mil por cento. Acho é que jogar dois jogadores esquerdinos no corredor central no setor defensivo fica mais difícil. A opção, por vezes, é por um pequeno detalhe, mas confiança total e assumo perante vocês, porque a discussão também tem sido muita com o David Carmo. O David Carmo não joga mas tem muito talento. Ainda vai dar muito ao FC Porto e ao futebol português".