Estratégia de Bruno chegou a Jorge Jesus: cabeça do treinador entregue à claque
Política de terror visava, além de forçar vendas de jogadores, intimidar JJ, que até mantinha boa relação com o grupo organizado de adeptos e é agora visto como testemunha importante no processo.
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Tal como O JOGO noticiou na terça-feira, a estratégia de intimidação a atletas orquestrada por Bruno de Carvalho por forma a "forçar" negócios, contemplava aterrorizar os principais ativos, tática "negra" traduzida no ataque à Academia que se descontrolou e, aos olhos da justiça, terá sido instigado pelo ex-presidente do Sporting. Mas havia mais e o estratagema do ex-presidente do emblema de Alvalade chegava a Jorge Jesus. O nosso jornal sabe que era clara a indicação dada à Juventude Leonina (Juve Leo) pelo antigo líder para apertar igualmente com JJ. Detido no Montijo e indiciado pela prática de 56 crimes, Bruno estava desavindo com o então treinador, do qual se queria livrar à força com o mínimo de custos, ou seja, poupando os oito milhões de euros brutos a que Jesus teria direito - tinha contrato até 2019. A tática de terror acabaria por sair cara ao homem que terminou destituído da liderança dos leões.
Ex-presidente deu indicações à Juventude Leonina para arrastar treinador no aperto. Objetivo: poupar oito milhões
A "união de aço" propalada pelo antigo responsável máximo pelo clube de Alvalade há muito dava de si no tocante à relação com o técnico, atingindo a rutura a 14 de maio, quando Bruno de Carvalho se avistou com Jesus após derrota em casa do Marítimo no dia anterior, que configurou o afastamento da Champions e decorrente prejuízo financeiro. Do encontro resultou uma suspensão nunca efetivada do técnico. Porém, por esta altura e com Jorge Jesus disposto a fazer valer os seus direitos, o técnico já era um homem marcado. No dia seguinte, Jesus, que até então tinha boa relação com membros da Juve Leo, foi um dos primeiros a serem agredidos na Academia, tendo pedido, em vão, ajuda a Fernando Mendes, o ex-chefe da referida claque, detido três semanas depois. De resto, as provas periciais recolhidas (mensagens de WhatsApp trocadas pelos invasores) denunciam a intenção de agredir JJ, um gesto que não foi espontâneo.
O Ministério Público quer agora ouvir Jorge Jesus na qualidade de testemunha, para melhor perceber as circunstâncias do ataque.