Vasco Moreira: "Aves SAD? Claro que me deixou triste, mas encarei de forma profissional"
Vasco Moreira esteve perto de saltar para a I Liga, mas a documentação não entrou a tempo no último dia de mercado. O objetivo é superar a última época. O médio tem estado em destaque nos felgueirenses, continuando de pé quente, com dois golos e assistências. A resposta à desilusão foi feita com trabalho, num projeto em que é feliz
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Foi depois de um campo de férias na Dragon Force que teve ainda mais certeza de que futebol seria o caminho. Começou a guarda-redes, hoje é médio e destaca-se no Felgueiras, onde tem sido preponderante.
O gosto pelo futebol surgiu desde cedo?
-Começou quando tinha cinco anos. Os meus pais, na altura, perceberam que eu tinha algum gosto pelo futebol, então fui para o futsal, para ser guarda-redes. Tinha medo de jogar à frente, de o que as pessoas pudessem dizer, então encolhia-me. Com o passar do tempo percebi que realmente era um desporto de que gostava muito, também pela parte coletiva. O medo acabou quando, como prenda de aniversário, os meus pais ofereceram-me um campo de férias na Dragon Force para me divertir. As coisas correram bem, tentaram-me recrutar e fui. Nessa fase já jogava à frente, desfrutando do jogo de maneira diferente. Fui chamado para os trabalhos do FC Porto e nasceu um Vasco diferente.
Passou também pelo Rio Ave e esteve várias temporadas no Braga B. Foi uma boa escola?
- Sim, sem dúvida. Comecei no Rio Ave, nos campeonatos nacionais, na altura de sub-15. Também fiquei lá dois anos, as coisas correram-me muito bem. Depois, recebi o convite do Braga, que foi muito bom para a minha carreira. Foram sete anos muito bons no meu crescimento como atleta e pessoa. Mas sentia que precisava de algo diferente, que me desafiasse. Porque já estava ali, talvez, um bocadinho acomodado. E embora as coisas corressem bem, ainda não tinha conseguido atingir o meu objetivo principal, que era chegar à equipa principal. Portanto, enveredei por outro caminho, que foi o Felgueiras. Estou no segundo ano e as coisas estão a correr-me muito bem.
Na primeira época conseguiu logo bons números, foi o melhor marcador da equipa. Qual foi o segredo?
-Uma mudança é sempre difícil e o início foi um bocadinho estranho. Estava habituado a conviver com as mesmas pessoas, uma estrutura, e agora teria que conviver com algo diferente. Tive de sair da minha zona de conforto. Mas a adaptação correu bastante bem. Já me tinham dito que o grupo era muito unido, que o treinador fazia questão de escolher bem os atletas para representar o Felgueiras. Mas, sim, o ambiente é diferente. Costumo dizer que são mais adultos, mas também vejo muitas crianças no meio dos adultos [risos] e isso é bom, porque torna o ambiente mais familiar. Deram-me espaço para desenvolver o meu futebol livremente e as coisas correram muitíssimo bem. Também devo muito ao grupo, à equipa técnica e a todos os que acreditaram no meu potencial.
Esteve a um passo de assinar pelo Aves SAD, mas não se concretizou. Como lidou com essa desilusão?
-Nunca escondi que tinha muita vontade de jogar na I Liga. Com o Aves SAD estava quase fechado, mas acabou por não acontecer. Claro que me deixou triste no dia, a mim e à minha família, porque era um objetivo que tinha e ia cumprir num prazo que tinha estipulado como objetivo pessoal. Mas encarei isso de forma profissional. As coisas aconteceram, tinha treino no dia seguinte, tinha de continuar a trabalhar. No momento dói muito, mas acredito que mais projetos vão aparecer. Se não aconteceu, foi por algum motivo. Não estou preocupado com o que aconteceu naquele mercado. Dei a volta e acredito que, com o meu trabalho, as coisas vão acontecer.
Gestão é outra paixão do médio
Com Ronaldinho, Pedri e Cristiano como referências, Vasco Moreira quase nunca consegue desligar do futebol, já que faz muito trabalho fora de campo, mas tem outras áreas de interesse, como a gestão. "Neste momento não estou a estudar, mas tenho muito gosto por investimento, gestão e números. Também tenho a preocupação de trilhar um caminho em paralelo, que me permita fazer uma vida tranquila, para mim e para ajudar a minha família. É sempre o objetivo, lutar por um futuro melhor para mim e para eles".