Presidente há oito anos do Lourosa, clube centenário, Hugo Mendes conseguiu agora a inédita subida à II Liga
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Com um fraco arranque de campeonato, que levou à saída de Renato Coimbra após cinco jogos ao comando do Lourosa, seguiu-se depois a contratação de Pedro Miguel. O presidente Hugo Mendes diz que o treinador teve mérito nesta subida e aponta as vitórias com o Fafe e o Braga B, na segunda volta da fase regular, como ponto de viragem.
No sábado, o Lourosa carimbou a subida à II Liga. O que significou para si esse momento?
—Foi único. É a primeira vez que estamos nos campeonatos profissionais em 101 anos de história. Pela cidade e por todos os sócios e simpatizantes, conseguimos este feito, que era um sonho comum. Foi vivido com muita intensidade, bairrismo e paixão. Estar no alto patamar do futebol português era algo que ambicionávamos há muito. Há uma grande alegria e felicidade. Estamos preparados para termos o futebol em Lourosa ao mais alto nível.
A época não começou bem e a equipa esteve em risco de não ir à fase de subida. Como viveu esse período?
—O início do campeonato foi uma fase menos boa. Em novembro estávamos abaixo dos quatro primeiros. Mudámos muitos jogadores e as coisas não começaram como gostaríamos, mas terminaram da forma que idealizámos. Houve mérito na contratação do treinador Pedro Miguel, que fez um excelente trabalho com os jogadores que tínhamos no início da época e com apenas um reforço no mercado de inverno [Arsénio]. O mais importante não é como se começa, mas como se acaba.
A contratação do Pedro Miguel foi uma decisão sua?
—Foi uma decisão conjunta da Direção. Desde o diretor geral Nuno Correia ao diretor desportivo Ricardo Ramos e ao presidente. Foi unânime, pelo conhecimento que tinha do clube, da exigência da massa adepta e do sonho de uma cidade que queria alcançar os campeonatos profissionais. Estamos todos felizes pelo objetivo. Houve mérito de todos.
Já falaram sobre a renovação?
—É algo que ainda não está em cima da mesa. Ainda temos mais um objetivo para alcançar, que é o título de campeão. Depois teremos oportunidade de falar de uma forma tranquila acerca do futuro.
Qual considera ter sido o momento-chave da época?
—Foi a família que se criou neste grupo e a equipa que conseguimos construir. Às vezes temos plantéis com enormes jogadores, mas depois não há o espírito de sacrifício. Este grupo esteve sempre unido para alcançar o objetivo, assim como a massa adepta. O ponto de viragem foi a deslocação a Fafe, na segunda volta da fase regular. Era um jogo de vida ou morte contra um adversário que então liderava e a derrota colocar-nos-ia a lutar pela permanência. A seguir também vencemos o Braga B, fora, no último lance do jogo, aos 96 minutos. Aí viu-se uma verdadeira família focada no sonho de alcançar este objetivo.
Na época passada, o clube caiu no play-off frente ao Feirense. Foi um momento duro?
—Sim, foi muito duro. Começámos a fase de subida muito bem. Tivemos dez pontos de vantagem sobre o terceiro classificado, mas fizemos uma segunda volta desastrosa. Contra o Feirense a cidade deu as mãos, mas não conseguimos. Foi muito duro, mas foi ali que tudo se começou a construir para esta época. Chegámos ao estádio e fomos recebidos de pé, com uma enorme salva de palmas e os adeptos a gritar, o que nos deu uma grande força para continuar.
Há três anos, o Lourosa desceu ao Campeonato de Portugal. Imaginava estar agora na II Liga?
—Estou na presidência do clube há oito anos. Quando entrei, o Lourosa estava na distrital, tinha ficado em sexto lugar do Campeonato de Elite da AF Aveiro. A minha candidatura foi apresentada na base de, até ao centenário, chegarmos aos campeonatos profissionais e sabia que o caminho ia ser muito duro. Tivemos esse passo atrás numa época em que tínhamos enormes jogadores, mas não tivemos a equipa e a família desta temporada. Por um ponto não ficámos nos quatro primeiros. Caímos na fase de manutenção e descemos de divisão. Foi duro, mas não sou de desistir. Os momentos menos bons podiam provocar fraqueza, mas, ao contrário, deram-nos força para continuar a lutar.
Recandidatura, obras em marcha, renovações e objetivos na II Liga
Com o mandato a terminar no final da época, Hugo Mendes assume que vai recandidatar-se “para mais dois anos” e falou do futuro. “Queremos consolidar o Lourosa na II Liga. É a primeira vez que lá estamos e temos de conhecer os cantos à casa. Vamos lutar contra clubes que estão há décadas neste escalão e já seria uma vitória continuarmos lá.” Quanto a renovações, Hugo Mendes não abre o jogo. “Vamos pensar nisso de forma objetiva depois do próximo jogo, porque queremos muito ser campeões. Já renovámos com o Bruno Faria, um jovem promissor da formação e temos outros em mente”, afirmou, contando que depois do jogo contra o Atlético começarão as obras no estádio. As bancadas terão maior distância do relvado e haverá cadeiras em todo o recinto. A iluminação também será melhorada.