"Estamos numa nova era dos telemóveis, das pessoas que ficam muito dentro delas"
Declarações de Carlos Carvalhal, treinador do Braga, este sábado, na antevisão ao jogo em casa do Santa Clara (domingo, 17h00), para a 15.ª jornada da I Liga
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Sobre o Santa Clara: “É sempre uma oportunidade. É a oportunidade de ganhar e de saltar para o quarto lugar. Vamos defrontar uma equipa boa, muito competente e combativa, com bons valores individuais. O Vasco Matos está a fazer um excelente trabalho no Santa Clara. Temos de ser combativos, focados e temos de ser melhores do que o adversário para vencer.”
Oito golos sofridos nos últimos três jogos: “Mudámos o sistema, jogámos com dois jogadores nos corredores, tivemos três vitórias consecutivas com zero golos sofridos e depois tivemos um jogo [contra o Estoril] que destruiu e que desregulamos um pouco por acontecimentos que precipitaram um bocadinho até o envolvimento no jogo e precipitou um mau resultado. De seguida, tivemos um jogo extremamente complicado contra a Roma. No jogo seguinte [Famalicão] insistimos na mesma fórmula e fizemos um jogo em que, ao intervalo, tivemos três situações dos jogadores nossos na cara do guarda-redes. Tivemos quatro oportunidades claríssimas para marcar. É factual. E acabámos o intervalo a perder na única vez que o adversário foi à nossa baliza. Depois tivemos que correr riscos, perdendo algum equilíbrio, e tivemos algum problema nas transições. Aquilo que eu tenho de realçar é a alma que a equipa teve. Podíamos até ter feito o 4-3, numa bola na linha de golo. Temos que estar mais equilibrados, Para fazer um golo, temos que criar quatro oportunidades, mas isto muda e um dia também vamos ter sorte. Os guarda-redes não vão ser os melhores jogadores contra nós e nós vamos ganhar 1-0, se calhar com sorte. Não estamos à espera da sorte, obviamente, a sorte procura-se.”
João Marques pouco utilizado: “Não tem sido utilizado com regularidade e muitas vezes fica fora dos convocados. É uma pedra no sapato do treinador, porque é um jogador que normalmente vai à seleção de sub-21. Já tive oportunidade de falar com ele. O João Marques é um bom jogador, trabalha bem, é muito boa pessoa, o que é importante. Na dinâmica e nas escolhas, muitas vezes, ele recai ali um bocadinho na posição onde está o Bruma. Pensamos também onde está o Ricardo [Horta] e onde está também o Ismael [Gharbi]. Se o Ismael eventualmente não estivesse vindo, creio que o espaço do João Marques seria o mesmo que o Ismael está a ter. A opção tem sido um pouco entre o Ismael e o João. O Ismael tem mostrado atributos, não vou dizer que é melhor ou pior, mas tem mostrado atributos e não podemos convocar e meter e convocar outros que estão na mesma posição.”
Dinâmica de grupo: “O balão está a crescer. Estamos numa nova era dos telemóveis, das pessoas que ficam muito dentro delas. Aquele jogador antigo que vem da rua, que tem a manha da rua, de abraçar o grupo, está a desaparecer e está a vir uma nova era de miúdos que têm comportamentos completamente diferentes, o que torna isto mais difícil para os treinadores, mas há educação, há que perceber o que é um grupo, há ética do grupo, há comportamentos do grupo, isto independentemente da idade. Há um caminho que está a ser feito.”
Construção do plantel: “Não vou estar aqui a tirar a responsabilidade para o lado, a responsabilidade é toda minha, herdei um grupo, não foi criado por mim, mas a educação em função daquilo que queremos está a evoluir, o espírito de grupo vai evoluir. As dificuldades são grandes, mas vamos ser bem-sucedidos.”