ENTREVISTA EXCLUSIVA - O avançado é o melhor marcador do Dragão e recordou com nostalgia as três épocas em que lá balançou as redes.
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Com 49 golos em 68 jogos, Jackson Martínez ainda é o rei dos goleadores do Dragão, depois de ter ultrapassado Hulk, em janeiro de 2015. A propósito dos 15 anos do estádio, que se celebram esta sexta-feira, O JOGO esteve à conversa com o avançado colombiano, que chegou ao nosso encontro algo triste e abatido, depois de um desaire do Portimonense com o Moreirense [2-0], no qual até teve um golo anulado. No entanto, o sorriso apareceu facilmente assim que começou a puxar pela(s) boa(s) memória(s).
Qual é a primeira memória que tem do Dragão?
-O que tenho na minha memória são os bons momentos e também os não tão bons que passei naquele grande estádio e naquele grande clube.
À primeira vista o que lhe pareceu o estádio?
-O estádio é imponente e muito exigente, com uns adeptos espetaculares que podem transferir motivação aos jogadores de uma maneira verdadeiramente impressionante.
https://d3t5avr471xfwf.cloudfront.net/2018/11/jackson_martinez_1_20181116113051/hls/video.m3u8
O impacto com o público surpreendeu-o?
-Surpreendeu-me de verdade, porque nos primeiros jogos é sempre mais difícil até começares a ter um bom rendimento. Creio que há uma relação respeitosa, tanto da minha parte para os adeptos, como dos adeptos para mim.
Tem ideia de quantos golos marcou no estádio?
-...Cinquenta e um?
Quarenta e nove... Lembra-se do primeiro?
-O primeiro foi [um penálti] à Panenka [ao V. Guimarães].
E o último?
-O último...
Foi um grande golo, contra o Gil Vicente...
-Ah, já sei [faz o gesto para representar um pontapé de bicicleta].
Sabe em que jogo se tornou no melhor marcador do estádio?
-Algo assim tão preciso já é mais difícil [risos].
Foi contra a Académica e marcou dois golos, o segundo foi uma espécie de pontapé à karaté.
-Num pontapé de canto! Já me lembro!
Qual foi o golo mais bonito?
-Sem dúvida o que marquei ao Sporting [de calcanhar]. Pela dificuldade e porque é um golo que, normalmente, quando tenho oportunidade, faço nos treinos. Ou seja, não foi por acaso, foi algo que fazia e continuo a fazer naturalmente num treino e, se fosse possível, obviamente que repetiria num jogo.
Sabe quem fez o passe?
-Danilo!
Terá sido o melhor da sua carreira?
-Sem dúvida que foi um dos mais bonitos que marquei na minha carreira.
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"ASSUMIMOS O RISCO CONTRA O BAYERN"
Repassados os golos que assinou, houve dois jogos que marcaram profundamente Jackson Martínez. Um teve uma "segunda parte" de pesadelo, mas o outro praticamente valeu um título. "O jogo com o Bayern Munique [vitória do FC Porto por 3-1] foi o que mais me marcou, mas, se puder dizer dois, tenho de falar da partida com o Benfica [vitória por 2-1 referente ao famoso golo do Kelvin]", apontou o avançado colombiano. "Pelo momento em que estávamos, pela diferença pontual, pela maneira como ganhámos... foi um momento único e irrepetível. Contra o Bayern, fizemos um jogo realmente perfeito em todos os sentidos", recordou o colombiano, que nesse encontro surpreendeu o gigante alemão simplesmente por ter jogado: "Estávamos à espera que alguma coisa acontecesse, que pudesse ressentir-me da lesão. Mas foi um risco que assumimos, tanto os médicos, como o treinador e eu. Com todos os riscos, fomos a jogo." Naquele jogo dos "quartos" da Champions, Jackson apontou o terceiro golo na baliza sul, a preferida: "Prefiro jogar para o lado dos SuperDragões, sentir os cânticos mais perto."
"Prefiro jogar para o lado dos SuperDragões, sentir os cânticos mais perto"
Em breve, no dia 7 de dezembro, vai voltar a pisar o relvado do Dragão, mas pela primeira vez como adversário. Não obstante, o jogador do Portimonense espera "ser bem recebido". "Ainda não pensei nesse dia, mas sem dúvida que vai ser muito especial para mim. Virão à memória todos os momentos espetaculares", adiantou o Cha Cha Cha, que garante estar "muito grato ao presidente, diretores e todos os que fazem parte do clube, incluindo os adeptos". Estes, sublinha, "continuam a mostrar carinho". Se algum dia voltarão a celebrar um golo do colombiano, é conversa para outra altura. "Não sei, neste momento estou focado em lutar e sentir-me melhor fisicamente. Estou a conseguir de uma maneira lenta, mas estou a conseguir", assegurou.