Está à vista fim de ciclo de Carvalhal no Braga e Pirlo até foi apontado como alvo
Sem processo de renovação a um mês do fim da temporada, são óbvios os sinais que sugerem a saída do treinador. Andrea Pirlo até foi apontado ontem como possível alvo
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A um mês de o Braga encerrar a época, e terminada uma das melhores participações na Liga Europa com a derrota frente ao Rangers, na Escócia, já poucas dúvidas restam sobre a saída de Carlos Carvalhal.
António Salvador prepara-se para escolher outro treinador, o 21.º na sua era, e Carvalhal ficará em terceiro no ranking de longevidade no cargo. Saída da Liga Europa abre caminho à sucessão.
O fim de ciclo, ainda não assumido por qualquer das partes, está à vista e há vários argumentos que validam esse cenário, enquadrando-se aí, desde logo, as críticas que António Salvador fez em Glasgow, quando referiu que na primeira parte não houve equipa em campo e... no banco.
Na sexta-feira, dia de ressaca europeia, o italiano Andrea Pirlo até foi apontado como alvo do clube para a próxima temporada, embora o procedimento de escolha de treinador só esteja no início e com vários cenários em aberto.
O facto de não existir um processo de renovação com Carlos Carvalhal e de este ter dito, recentemente, que será livre dentro de pouco tempo não deixa grandes interrogações quanto à saída no fim da época. Em janeiro, recorde-se, esteve a um passo de ingressar no Atlético Mineiro, que chegou a concordar com o pagamento de dois milhões de euros ao Braga, mas o negócio não andou para a frente por vontade do treinador. Um pouco antes fora o Flamengo a mostrar, pela segunda vez, interesse no técnico, embora nesse caso sem querer indemnizar o clube minhoto pela saída.
Agora, estando a terminar uma época em que o Braga saiu cedo da Taça de Portugal e da Taça da Liga, dois dos objetivos assumidos do clube, António Salvador prepara-se para encerrar o ciclo de Carvalhal, que ficará, juntamente com Domingos Paciência, como o terceiro treinador com mais tempo no cargo na era do atual presidente, atrás de Jesualdo Ferreira e de Abel Ferreira.
RESCALDO
Zé Nuno Azevedo, ex-jogador do Braga
"O Braga teve uma participação muito boa na Liga Europa, claramente positiva e com possibilidades legítimas de chegar às meias-finais. Em Glasgow pagou caro 45 minutos de ausência e depois reentrou no jogo, mas com a expulsão de Iuri Medeiros deixou de ter possibilidades de discutir o resultado. Na eliminatória com o Rangers fez mais para levar um resultado amplo para o segundo jogo e em Glasgow a equipa no início não administrou bem a vantagem que tinha. Tal como no jogo com o Sheriff, na Moldávia, o Braga não esteve na primeira parte ao nível a que nos habituou, foi um período fraco. Na segunda mostrou querer e ambição e esteve dentro da eliminatória. Não quero comentar as declarações de António Salvador. Mas concordo que houve algum demérito na primeira parte."
Miguel Pedro, músico
"A participação na Liga Europa foi francamente positiva. Valorizou os jogadores mais novos, algo que tem um impacto direto na política do clube, e também os seus adeptos. A equipa teve noites muito boas e chegou aos "quartos". A derrota em Glasgow custou a digerir e foi nesse contexto de frustração que entendi as declarações de António Salvador, que de forma algo injusta se referiu ao treinador. Penso que hoje não o faria [n.d.r. disse que a equipa não existiu em campo e no banco na primeira parte]. Jogar na Europa e na liga portuguesa é muito diferente e o Braga sentiu-o na Escócia. Os minutos iniciais foram de adaptação e depois tivemos um árbitro muito caseiro e influenciado. Mas fica a certeza que o Braga é um clube europeu e na próxima época lá estará de novo."