Augusto Inácio foi o primeiro treinador a vencer os dragões pelo Moreirense, então para a Taça da Liga, mas avisa que desta vez a missão terá um fator extra a complicar
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Augusto Inácio foi o primeiro treinador do Moreirense a vencer o FC Porto. Essa vitória, então inédita, aconteceu na época 2016/17, e em circunstâncias similares às do próximo domingo, ou seja, na altura também num jogo decisivo, mas para a Taça da Liga, cujo troféu os cónegos acabariam por conquistar. Agora o jogo é da Taça de Portugal. Mas são desafios em épocas e em momentos diferentes.
“Este é um FC Porto em construção, a mudar de vida, novo em tudo, no presidente, na Direção, no treinador e no conceito. As pessoas não podem pensar que tudo se faz com um estalar de dedos e temos logo uma equipa a lutar pelo título. Uma coisa é termos essa ambição e outra é ter tempo para trabalhar e criar condições para concretizar esse desejo. Eu pergunto: alguém esperava que, nesta altura, o FC Porto só tivesse vitórias no campeonato? Como é que o plantel foi construído? Não chegaram jogadores com a liga a decorrer? Por esta altura, na época passada, o FC Porto não tinha menos pontos [25 contra os atuais 27]?”, destacou o técnico, reconhecendo que a goleada com o Benfica, na Luz, foi um duro golpe para os portistas, podendo, agora, complicar a vida ao Moreirense, que é quem se segue.
“Faltou tudo o que reflete a essência do FC Porto, uma equipa intensa, com grande entrega e dinâmica, e quando isso falta, torna-se frágil; foi o que aconteceu na Luz. Aí os adeptos têm razão”, acrescentou. E aprovou o puxão de orelhas do presidente André Villas-Boas. “Todas as chamadas de atenção aos jogadores foram justas, quem enverga a camisola do FC Porto pode perder o jogo, mas não pode é colocar em causa a dignidade do que ela representa”, enfatizou. E saiu em defesa do técnico portista, Vítor Bruno. “Acho que as críticas são exageradas, parece que todo o trabalho até aqui foi mal feito e que ninguém presta. Bastou uma má exibição na Luz para uma minoria contestar tudo e todos”, frisou, antevendo uma boa reação frente ao Moreirense, que terá pela frente uma missão espinhosa. “Espero uma resposta à FC Porto dada por jogadores feridos no seu orgulho, voltando a ser a equipa que estava a ser construída até ao jogo com o Benfica, que fez com que as pessoas ficassem desanimadas”, concluiu.
Um jogo que virou histórico
Augusto Inácio recordou a tal primeira vitória sobre o FC Porto, na Taça da Liga. “Era um jogo de tudo ou nada, quem ganhasse ia à final four da Taça da Liga. E como tínhamos possibilidades, fomos com tudo e ganhámos, com um golo do Francisco Geraldes”, sustentou, considerando que em termos mentais é fácil preparar estes jogos. “Todos os treinadores sabem que os jogos com os grandes exigem pouco trabalho em termos psicológicos, mas muito em termos táticos e estratégicos, que vai sendo feito durante a semana”, frisou.