Esgaio olhou de frente para a besta: O JOGO detalha o percurso que levou à redenção do lateral
Lateral não teve ajuda de profissionais da área da psicologia para ultrapassar a crise de confiança. Família, amigos, companheiros de equipa, treinador, staff técnico e dirigentes do clube. Não necessariamente por esta ordem, todos estiveram ao lado do defesa nas horas más que viveu esta época.
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"Agarrar o touro pelos cornos" é uma expressão de origem tauromáquica que é utilizada quando alguém enfrenta uma situação difícil com determinação e coragem. Pois bem, foi assim mesmo que Ricardo Esgaio optou por lidar com a fase complicada que viveu em parte desta época no Sporting, resultado de exibições menos conseguidas e de alguns erros individuais que o levaram, inclusive, a ser insultado por adeptos do próprio clube nas redes sociais.
Esgaio poderia ter recorrido a ajuda externa por parte de técnicos especializados em situações desse tipo, leia-se, psicólogos, mas, como soube O JOGO, preferiu encontrar por outra via o caminho para sair do angustiante labirinto em que se encontrava.
O defesa leonino não precisou de ajuda externa de profissionais da área, mas a verdade é que foram muitas as pessoas que nunca deixaram de estar do seu lado, contribuindo assim decisivamente, com a sua ajuda, para que desse a volta por cima. A começar pela família e pelos amigos. A esposa e os dois filhos, ainda crianças, foram fundamentais, assim como os pais ou o irmão, Tiago, profissional de futebol como ele, neste momento ao serviço do Arouca.
Mas também Rúben Amorim, por exemplo, teve importância fundamental na reviravolta que devolveu a autoconfiança de sempre a um jogador que, nos últimos tempos, denotava forte insegurança de cada vez que tocava na bola. Um martírio que começou logo à primeira jornada, quando foi criticado por eventual erro no golo que deu o empate ao Braga (3-3), mas que teve sequência noutros jogos do campeonato (na derrota por 2-1 com o Boavista por exemplo) ou na Liga dos Campeões, frente ao Marselha.
Aos poucos, porém, o defesa foi recuperando a alegria de jogar, contando para tal com a determinante ajuda do "balneário" sportinguista. Do capitão Coates a outros pesos pesados do balneário, o lateral da Nazaré nunca deixou de ser acarinhado pelo grupo, mesmo nas horas mais difíceis.
E a retribuição devida tem chegado, como aconteceu na última partida da Liga Bwin, em que Esgaio marcou o golo que fez a diferença no triunfo por 2-1 diante do Famalicão. Mas também fez assistências contra Casa Pia e Boavista, e dois grandes jogos com a Juventus, por exemplo.
Respaldo do clube não falhou
Oriundo da Nazaré, onde deu os primeiros passos no histórico Nazarenos, Ricardo Esgaio chegou ao Sporting em 2005, com 12 anos. Dois anos depois foi campeão de iniciados, distinção que repetiu nos juniores, em 2011/12. No total, a ligação sentimental aos leões dura há 18 anos, apesar de profissionalmente ter tido interregnos, na Académica (2014/15) e no Braga (2017-21). A antiguidade na casa foi determinante para o apoio concedido por parte dos dirigentes do clube e da SAD, declaradamente a seu lado em toda a fase crítica que viveu.
Partida de Porro foi decisiva
Conforme pode ler-se na infografia ao lado, os números de Ricardo Esgaio na equipa do Sporting são radicalmente diferentes entre os tempos em que Pedro Porro estava no plantel e os mais recentes, após a saída do espanhol. Fundamentalmente porque, com a transferência para o Tottenham, o português passou a ter mais oportunidades no onze inicial. E a agarrá-las com unhas e dentes, para desespero de Bellerín, que foi contratado para o lugar, mas tem sido quase sempre preterido por Rúben Amorim.