"Era complicado assumirmos a subida, foi a II Liga mais competitiva dos últimos 30 anos"
ENTREVISTA - O defesa destaca a competência da estrutura do Casa Pia, que não deixa faltar nada aos atletas. "Já passei por clubes onde havia salários em atraso. Aqui só temos de nos preocupar em treinar bem e jogar."
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Já passaram alguns dias desde que o Casa Pia garantiu o regresso ao principal escalão do futebol português, 83 anos depois da última presença. Contudo, quando falou com O JOGO, Vasco Fernandes ainda se emocionou com o feito. Aos 35 anos, o central e capitão casapiano diz estar "a viver o momento mais marcante da carreira".
Já passaram alguns dias desde que asseguraram a subida. Ainda parece um sonho?
-Penso que já deu tempo para assimilar o que foi feito. Fizemos algo extraordinário, histórico e muito grande. Não me canso de dizer: conseguimos colocar o nome do Casa Pia nos quatro cantos do país e pelos bons motivos. Isso para nós é a melhor medalha e troféu, porque representamos muita gente que trabalha e que ajuda muitas crianças.
Publicamente, a subida nunca foi assumida. E dentro do balneário tinham delineado esse objetivo?
-Era complicado assumirmos a subida, porque esta foi a II Liga mais competitiva dos últimos 30 anos. Tinham descido três equipas do primeiro escalão e houve muitos clubes a investirem para subir. Por isso, não era fácil diante deste contexto dizer que éramos candidatos. Mas, à medida que o tempo passou, começámos a comprar essa ideia.
Em sua opinião, qual foi o segredo para o sucesso?
-Formámos um grupo fantástico. Muitos jogadores que não jogavam aportavam e davam alguma coisa ao grupo; esse foi um dos segredos. Por exemplo, quando perdemos em Chaves, foram os não utilizados que motivaram e deram força aos que jogaram.
No início da época, o que o fez assinar pelo Casa Pia?
-O projeto, a estrutura, o facto de trabalhar com pessoas competentes e muito sérias. Lembro-me da primeira reunião que tive com o Tiago Lopes [n.d.r. CEO da SDUQ]. Vi uma grande ambição nos olhos dele, queria fazer coisas grandes neste clube e identificaámo-nos um com o outro desde o primeiro segundo. Aí vi que tinha feito a escolha certa.
Sente que é um clube diferente dos outros que já representou?
-É diferente pela vertente social que acarreta. Eu não tinha muita noção da história do Casa Pia, mas quando fomos ao museu e vimos tantos nomes ligados à história do futebol português, notei que este grupo tinha uma grande responsabilidade e disse aos meus colegas que tínhamos de fazer algo grande. Daqui a 50 anos, a minha filha pode visitar aquele local e dizer que o pai fez parte da história do Casa Pia.
Aos 35 anos está pronto a ajudar o Casa Pia na Liga Bwin?
-Primeiro é preciso ter força para me aguentar e também não é fácil lidar comigo. Exijo muito de mim e dos que estão à minha volta. Mas sinto-me preparado para jogar ainda mais anos. Identifiquei-me ao máximo com o Tiago Lopes, temos a mesma ambição e penso que vamos continuar juntos.
"Ricardo Batista disse que me queria no Casa Pia"
A primeira abordagem para Vasco Fernandes ingressar no Casa Pia foi antes da época 2020/21 acabar e não surgiu de nenhum elemento da equipa técnica nem da Direção, mas do guarda-redes Ricardo Batista. "Ligou-me e disse que me queria no Casa Pia, a época ainda não tinha acabado. Depois, o Tiago Lopes falou comigo, assinei contrato e conseguimos vencer juntos", conta o central, que tem uma grande admiração pelo guardião: "Falar do Ricardo Batista é falar do melhor guarda-redes da Liga SABSEG e com alguma distância."