Enzo em quebra no colapso coletivo em Braga: "Se calhar, o treinador hoje não o colocaria"
Na primeira derrota do Benfica esta época o argentino sobressaiu pela negativa: o habitual pilar da equipa foi "curto" e a equipa ressentiu-se. Em Braga, as águias caíram com estrondo num 3-0 onde ninguém foi capaz de carregar a formação de Roger Schmidt. O camisola 13 fraquejou principalmente no plano ofensivo mas também a defender.
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A exibição global do Benfica em Braga saiu abaixo do que se tem visto ao longo da época e, consequência disso, os encarnados acabaram batidos por 3-0, sofrendo a primeira derrota em 29 jogos com Roger Schmidt ao comando. E, numa noite negra na Pedreira, onde todos os jogadores lançados pelo técnico alemão estiveram em sub-rendimento, foi Enzo Fernández quem mais deixou o coletivo órfão de ideias, ele que tantas vezes foi o maior pilar da equipa. Desta vez, e naquela que até pode ter sido a sua despedida do clube, foi demasiado curto.
Foi na dimensão ofensiva que o argentino, neste regresso ao Benfica depois de se ter sagrado campeão do mundo no Catar, mais "escasso" esteve. Reflexo importante disso foi a sua quebra de eficácia ao nível do passe: em termos globais teve 85% de acerto contra os 90,5% da sua média da época. Em passes longos, houve uma abrupta queda da média de 64,9% para escassos 31% ante o Braga. Em número de remates houve, também, menos Enzo, ele que só tentou uma vez visar a baliza de Matheus, menos de metade (2,2) do que lhe é habitual. Já em duelos ofensivos, teve apenas um contra uma média de... 4,3.
A defender, o argentino também se mostrou uma sombra de si próprio nesta visita ao Minho, fazendo menos recuperações (6 contra 7,4 de média), menos interceções (2 para 3,2) e acumulando maior número de perdas de bola (11 contra a média de 8,3).
Apesar da queda de rendimento de Enzo, não se pode apontar o dedo apenas ao camisola 13 pelo trambolhão encarnado. Alguns dados coletivos provam que muita coisa correu mal. Por exemplo, as águias tentaram dez remates, só visto pior na Liga ante V. Guimarães (6) e Famalicão (9). Em duelos aéreos, os 36,7% de Braga só são batidos pelos 35,7% contra o Casa Pia e as perdas de bola (108) apenas ficam atrás de três registos: Vizela (127), Casa Pia (117) e Famalicão (115).
3 QUESTÕES A ÁLVARO MAGALHÃES, TREINADOR E EX-JOGADOR DO BENFICA
1 - A quebra apresentada pelo Benfica em Braga teve a ver com a paragem para o Mundial?
-É possível que sim pois houve jogadores que estiveram no Mundial, como Bah, António Silva, João Mário e, particular com mais desgaste, os campeões do Mundo Otamendi e Enzo Fernández. Toda a equipa esteve muito aquém do que vinha a fazer antes da paragem do campeonato mas há que dar mérito ao Braga que se preparou muito bem para surpreender o Benfica e conseguiu-o. O Braga teve mais frescura física, foi mais pressionante e inteligente, conseguindo ter mais posse de bola e critério.
2 - As notícias da possível saída pesaram no rendimento de Enzo?
-Julgo que não foi isso. Enzo teve um desgaste tremendo no Campeonato do Mundo, depois teve aqueles dias todos de festa e, mesmo que os jogadores tenham algum cuidado, há sempre um descuido normal. Mas na segunda parte, com Aursnes ao lado, ele melhorou e a equipa ficou mais compacta. Enzo não esteve ao seu melhor nível mas isso acontece. Se calhar o treinador hoje não o colocaria a jogar mas isso são os "ses"; se não jogasse as pessoas questionariam isso também.
3 - Faltou um jogador desequilibrador como David Neres?
-Sim, sem dúvida. David Neres é um jogador que faz a diferença pelo lado direito e faz falta ao Benfica ter outro extremo como ele na ala esquerda, mais alguém que seja capaz de desequilibrar as defesas contrárias. Neres pode andar sem tocar na bola vários minutos e, de repente, pega nela e faz o que mais ninguém consegue.