Rui Pedro recorda que foi Jorge Costa que o levou para o Cluj e o fez ganhar um prémio com uma semana de trabalho no clube
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A passagem de Jorge Costa pelo Cluj marca a sua primeira aventura fora de Portugal enquanto treinador. Acontece em 2011/12, levando o clube da Transilvania, rival do Braga neste acesso à Liga Europa, ao título romeno, sendo esta a maior consagração do Bicho a partir das responsabilidades no banco, somadas à conquista da 2.ª Divisão e subida pelo Olhanense em Portugal.
No Cluj, Jorge Costa apanha um plantel recheado de portugueses, entre eles um avançado formado no FC Porto: Rui Pedro - os restantes eram Beto, Nuno Claro, Ricardo Fernandes, Cadú, Camora, Nuno Diogo e Celestino - que se notabilizou também na Académica, após deixar a Roménia. O atual diretor-desportivo do Paredes foi apanhado pela consternação geral, enquanto recordava o seu hattrick pelo Cluj, ao Braga, em plena Champions. "Eu cheguei ao Cluj e a Roménia pela porta do Jorge Costa, que acaba de nos deixar. As lembranças são equivalentes a falar de um pai. Era a primeira experiência que ia ter fora de Portugal, cheguei no último dia de mercado, o plantel estava formado. Havia ali questões de alguém ainda a conhecer os cantos à casa, mas o Jorge protegia muito os portugueses. Éramos oito. Quem entrasse no jogo de iníio ou saindo do banco tinha recompensa maior do que a simples convocatória. Ele foi uma pessoa inacreditável, após a primeira semana levou-me para o banco e fez-me jogar os últimos minutos. Entrei só para ter o prémio", recorda Rui Pedro, marcado pela saudade do Bicho.
"Era um treinador com visão de grupo muito forte, privilegiava o espírito coletivo, conduzia as equipas pela união. Criou um espírito incrível entre nós e a imagem que guardo é de uma pessoa bem disposta e um treinador exigente. Fora do campo ele era fantástico. São memórias muito boas", resume. "Estava atento a todos os mais pequenos pormenores, ajudava toda a gente, tinha o cuidado de ver os portugueses a sentirem-se bem fora do país, preocupava-se com a melhor vida possível para todos", acrescenta Rui Pedro, abalado pelo súbito desaparecimento de um dos imortais do reino do Dragão. "Não falava regularmente com ele, mas ainda o encontrava em vários jogos. Ficou sempre uma ótima relação, porque olhava para ele sempre como o meu treinador e uma espécie de pai. Não esqueço o que fez por mim", completa.