Ricardo Rio, autarca bracarense, reafirma que não cederá recinto por menos de 20 M€, como propôs há cerca de quatro meses
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A poucos dias do dérbi com o Vitória de Guimarães - domingo à noite, na Pedreira, para a quinta jornada do campeonato -, Ricardo Rio escreveu, num artigo de opinião ontem publicado no “Correio da Manhã “, que tentará “recuperar uma parte, ainda que pequena, do investimento realizado” no Estádio Municipal de Braga (cerca de 200 M€), acrescentando que “a ilusão que alimenta nunca justificará borlas”. Contactado por O JOGO, o presidente da Câmara de Braga reafirmou que o recinto não será vendido abaixo do valor estipulado: 20 milhões de euros.
Um artigo de opinião do presidente da Câmara, publicado na terça-feira, reativou o tema da venda do estádio bracarense, cujo concurso público “só será aberto se houver potenciais interessados”, esclareceu.
Está disposto a vender o estádio por menos de 20 milhões de euros?
-Não. A Câmara nunca venderá por um valor inferior a 20 milhões. Os 20 milhões já estão muito abaixo do custo de construção do estádio que a Câmara teve de pagar. Não há uma revisão em baixa da proposta que apresentámos.
Quanto custou afinal o estádio e quando é que apresentou a proposta ao clube?
-Foram 200 milhões, tudo somado, e a proposta foi apresentada há quatro meses.
Esse valor de 20 M€ é o razoável?
-Não foi uma decisão política, foi sustentado numa avaliação. Teve em conta qual seria o custo de raiz, de uma forma controlada, para construir um estádio com aquela capacidade, deduzido daquilo que seriam os encargos que a Câmara teria de suportar durante os anos vindouros com a manutenção do estádio atual. Nós, não só vamos encaixar este valor, como também, obviamente, poupar algum dinheiro com a manutenção, que deixaremos de fazer. Após a avaliação efetuada, apresentámos o valor de 20 milhões de euros como base para um procedimento que será aberto, qualquer que seja a circunstância. Ou seja, no dia em que decidirmos promover essa alienação, teremos de o fazer através de uma oferta pública, e naturalmente que o clube poderá submeter-se a essa proposta.
Em março, numa entrevista a O JOGO, António Salvador, presidente do Braga, defendeu que o estádio deveria ser oferecido. Discorda?
-Não concordo, de todo, com [a ideia de] entregar o estádio de borla, nem acho que seja algo que prestigie o Sporting Clube do Braga.
Há mais abertura para vender do que havia antes?
-Não, a minha abertura para vender é exatamente a mesma. Sempre disse que nunca iríamos recuperar o investimento feito, que teríamos de tentar fazer um encaixe que nos permitisse não só compensar parcialmente os cofres públicos pelo investimento que ali foi realizado, como também gerar recursos para outros investimentos que temos de fazer, nomeadamente na área desportiva. Um, muito emblemático, é a recuperação do Estádio 1º de Maio, que se degradou ao longo destes anos de forma muito significativa. Daí eu dizer também no artigo [ontem publicado] que nunca consideraremos, pelo menos enquanto eu for presidente de Câmara, a possibilidade de ceder o estádio de graça ou por outro valor abaixo dessa cifra.
Quanto custa, mensalmente, a manutenção?
-Na ordem dos 60 mil euros, mais ou menos 50/60 mil euros.
Quanto é que o Braga paga pelo aluguer?
-Como é sabido, são cerca de 500 euros por mês, mas nem quero sequer invocar esse valor do aluguer, porque não tem a ver com a questão do custo de aluguer. Foi um expediente feito pela anterior Câmara para tentar recuperar o IVA que pagou na construção do estádio, o que nem isso conseguiu.