Benfica e FC Porto já tiveram essa amarga experiência neste século.
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Entre Benfica e FC Porto, os dois colossos nacionais que mais têm alternado na conquista do campeonato, ninguém está em condições de jurar que nunca foi apanhado na curva pelo Braga neste milénio.
A última façanha da equipa minhota foi ganhar no Dragão, anteontem, e os três pontos que levou podem fazer toda a diferença na contabilidade final do campeonato se o Benfica souber gerir (ou capitalizar) a diferença aumentada (agora de sete pontos) para os portistas.
Atendendo a que ainda restam 17 jornadas, Luís Filipe Vieira já sugeriu que mais vale esquecer a vantagem e que convém "respeitar todos os adversários" e tais cautelas fazem sentido, até porque os encarnados ainda terão de ir à Pedreira, que, num estalar de dedos, se pode transformar num inferno para qualquer equipa, incluindo os candidatos ao título. Enquanto vai alimentando o sonho de juntar esse troféu inédito ao seu palmarés, o Braga bate o pé a todos de forma indiscriminada e foi precisamente no seu palco que levou a melhor sobre a equipa da Luz (3-1, à 10.ª jornada), em 2006/07, complicando-lhe depois ainda mais a vida, à 25.ª ronda, com um nulo no Estádio da Luz.
O FC Porto acabaria por vencer o campeonato, com 69 pontos amealhados, e o Benfica, então sob o comando de Fernando Santos, ficou-se pelo terceiro lugar (o segundo foi para o Sporting), com apenas menos dois, e a lamentar os cinco que voaram como consequência da derrota e do empate com os bracarenses. Determinantes ou não, a verdade é que os festejos do título, nessa época, poderiam ter, de facto, ocorrido na praça do Marquês de Pombal, em Lisboa, se o Benfica não tivesse sido travado pelo Braga.
Já o FC Porto encalhou numa deslocação a Braga em 2000/01 e nessa época o Boavista conquistaria o campeonato, com apenas mais um ponto (77) do que os portistas (76). Tratou-se da segunda derrota dos azuis e brancos na prova, numa época em que sofreram outras quatro. Foi à 13.ª jornada e o FC Porto até se manteve no comando da classificação, com 31 pontos, seguido, imagine-se, do Braga (27 pontos), ainda com a marca do técnico Manuel Cajuda. Só em 2003 chegaria António Salvador à presidência do Braga, dando um novo balanço ao clube, com o claro objetivo de este passar a andar, com regularidade, na linha da frente.
O desígnio traçado pelo atual líder do clube cumpriu-se: a equipa deixou de ser um empecilho esporádico para Benfica e FC Porto na história do campeonato português e, de facto, colou-se ao grupo da frente, começando por somar mais êxitos contra o Sporting, dando uma curiosa sequência à vitória (2-1) e ao empate (2-2) que havia imposto aos leões na última época (2001/02) em que estes comemoraram o título. Semelhantes resultados diluíram-se na (já longínqua) festa do clube de Alvalade, mas foram claros sinais de que o Braga seria uma séria ameaça aos mais fortes do campeonato. Aliás, já antes do FC Porto havia provado essa força e, na passada sexta-feira, o Braga voltou a mostrar, em definitivo, que perdeu há muito o respeito a todos.
Perigo aumenta nas taças e na UEFA
O Braga costuma agigantar-se nas taças e também já o fez na Liga Europa e, por aí, tanto Benfica como FC Porto já tiveram amargos de boca. Na Liga Europa, em 2010/11, os bracarenses levaram a melhor sobre os encarnados nas meias-finais, disputando com o FC Porto a final, em Dublin, vencida por estes. Em 2012/13, assistiu-se a uma "réplica" na Taça da Liga, mas com um final feliz para os arsenalistas: bateram o Benfica nas "meias" e ganharam ao FC Porto na final por 1-0. Na final da Taça de Portugal, em 2015/16, o Braga voltou a vencer o FC Porto.