Emanuel Simões: "O futebol português deveria ser repensado"

Análise: "Por aquilo que fizemos na segunda parte, poderíamos ter feito um golo. Tivemos 10 minutos bons no início. Foi quando demos uma melhor imagem, quando não tivemos medo de arriscar. A questão física foi o principal problema que encontrámos hoje. A meio da segunda parte, a equipa começou a quebrar. Na primeira parte, não tivemos problemas físicos, mas não gostei da equipa. Não conseguimos ter bola no meio-campo ofensivo. A questão física na segunda parte levou-nos para um patamar em que não aguentámos o resultado. Temos de estar satisfeitos pela imagem que demos. São duas equipas em extremos do futebol português. Por outro lado, estou insatisfeito porque poderíamos ter feito um pouco mais."

Jogo no Estádio da Luz, na segunda mão: "Vamos tentar desfrutar. Temos de dar uma imagem melhor. Temos qualidade para mais. Estamos a jogar contra uma equipa poderosíssima. Podemos achar que o resultado é pesado, mas há três dias o Benfica ganhou 4-1 a uma das maiores equipas do futebol português [FC Porto]. Se calhar não é assim tão pesado. O Benfica teve cerca de 90 por cento de eficácia, aproveitou tudo o que lhe demos."

Jogar no Estádio Cidade de Barcelos, casa emprestada: "Serve de reflexão. Temos de ser sinceros: não havia condições nenhumas para se jogar lá [no Estádio Abel Alves de Figueiredo], ao nível da segurança e do relvado. Hoje há muitas regras na Liga 3. Os relvados têm de ser naturais, com uma certa qualidade. No Campeonato de Portugal, não é assim. Hoje, a parte física fez muita diferença. No nosso campo, iria ainda fazer mais diferença, com mais duelos aéreos, um jogo mais direto e de contacto físico. A Taça de Portugal deveria ser obrigatoriamente jogada em casa de cada clube. O futebol português deveria ser repensado. Talvez fizesse mais sentido haver três divisões, com mais séries. Não podemos querer jogar em casa e não ter condições."

Valor do Benfica: "Temos de ser humildes e reconhecer o valor da equipa contra a qual estamos a jogar. A parte mais difícil de trabalhar a nível mental é de não termos conseguido fazer o que somos capazes de fazer. A partir do momento em que estamos a perder 2-0, temos de ter bola. O que é melhor: sofrer dois golos na primeira parte sem qualidade de jogo ou três na segunda, com qualidade de jogo? Eu prefiro a segunda opção."