"Em casa dos grandes temos de ter aquela arrogância, com a máxima humildade..."
ENTREVISTA, PARTE II >> Hugo Oliveira em entrevista concedida a O JOGO e Zerozero
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Em Alvalade e no Dragão, o Famalicão teve tanta ou mais posse de bola do que os adversários. A equipa deste ano vai querer ser protagonista mesmo nos jogos com os grandes?
—Acima de tudo, não vamos ser mentirosos. Vamos jogar o nosso futebol sendo racionais. Não somos românticos nem utópicos. Queremos rendimento e vitórias, acreditando que o caminho é com bola. Claro que nesses jogos temos de ser nós próprios, tendo aquela arrogância com a máxima humildade. Queremos sair desses desafios com resultados, não só com a boa imagem.
Como se transforma essa mensagem para os mais jovens?
—Antes do plantel, isso tem de ser vivido diariamente nos diversos departamentos, com pessoas competentes, porque estamos a falar a uma só voz. Obviamente, é dessa forma holística, percebendo o todo, que vamos construir uma grande equipa, que nasce de jogadores diferentes, com perfis diferentes. Acredito muito nessa junção de associações. Obviamente que discutimos, que nos chateamos e que erramos. O treinador é o que erra mais, mas temos todos de acreditar neste caminho, sempre juntos. O treinador tem mapas e princípios, mas não tem uma PlayStation na mão. Não podemos ignorar que a origem do jogo são os atletas, são eles que tomam decisões e resolvem problemas.
“Lesão de Aranda doeu a todos”
Qual o impacto da lesão grave de Aranda no joelho?
—Esse percalço doeu a todos. Doeu ao treinador, aos jogadores, à administração, mas doeu acima de tudo a um atleta que não merecia que a sorte fosse madrasta: a lesão do Óscar Aranda. É um ponto muito negativo na nossa pré-temporada, não por aquilo que nos retira enquanto equipa, porque é óbvio que retira a nós e à liga, por ser um jogador diferenciado, mas sim porque a saúde é o mais importante na vida. O Óscar não merecia isto. Este infortúnio, nomeadamente num momento que poderia ser de salto em relação à carreira do jogador, ou poderia ser ainda mais de afirmação no que diz respeito ao seu jogo, é impactante no nosso trabalho, mas estamos cá para encontrar outros caminhos com outros futebolistas Por isso é que os plantéis são tão importantes, por isso é que a importância de um só atleta não é o nosso modelo. O nosso modelo é o todo e, por isso, trabalhámos bem numa pré-temporada positiva e que nos deixa extremamente motivados para o campeonato.
“É um jogador diferenciado e não merecia que a sorte lhe fosse madrasta”
O presidente da SAD do Famalicão, Miguel Ribeiro, disse acreditar que Aranda ainda vai ser importante esta temporada. Sublinha essas palavras?
—Falei com o Óscar e disse-lhe isso mesmo, ainda vai ser importante porque vai chegar para nos ajudar ainda nos objetivos globais. O Óscar Aranda vai fazer uma boa recuperação e ter as melhores ferramentas para atacar a lesão, quer do ponto de vista físico, quer do ponto de vista psicológico. Também vai ter a força dos seus companheiros, a força do seu treinador e dos outros atletas, porque todos cá dentro vão acarinhar o Óscar e ele vai regressar durante esta época e ainda vai ser impactante. No futebol e na vida, podemos ter aventuras, podemos ter sonhos, podemos ter seja o que for, mas sem saúde não podemos ter nada.